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EDITORIAL

Os Incêndios em Terras de Viriato
E as Cambalhotas da Incompetência…

O camarada Viriato, membro do Comité Central do Partido e secretário regional do Maciço Central, tem andado continuamente junto do seu Povo, que neste mês de Agosto tem sido barbaramente atacado pelos incêndios florestais.

Depois de ter percorrido mais de duas centenas de quilómetros no interior das serras da Gralheira, da Freita, da Arada e de São Macário, e de ter visto, com os seus próprios olhos, os estragos e prejuízos causados pelo fogo ao povo da região, depois de ter falado com as populações das aldeias afectadas e ajudado no combate, o camarada Viriato remeteu ao nosso jornal o artigo que aqui decido mandar publicar como editorial do Luta Popular, com o título com que foi remetido

Arnaldo Matos


“No concelho de São Pedro do Sul, durante oito intermináveis dias deste infernal mês de Agosto de 2016, da Serra da Arada à da Freita, do Portal do Inferno a São Macário, passando por muitas outras montanhas e lugares, o fogo matou animais, fez arder pastos e culturas, consumiu casas e destruiu milhares de hectares de floresta, deixando mais pobres os pobres pequenos camponeses e agricultores da região.

Quis a ironia da desgraça que fosse comemorado assim o 3º aniversário dos “grandes incêndios do Caramulo”, que em Agosto do ano de 2013 fizeram arder, também na nossa zona, uma área conjunta de aproximadamente 9.500 hectares!

Este ano, calcula-se que cerca de um terço da área florestal e de pastos do concelho de São Pedro do Sul, num total estimado em 12.000 hectares, ficou reduzido a cinzas!

E, agora que o fogo foi apagado, por todo o maciço da Gralheira, em muitas e muitas aldeias os animais são sustentados com os pastos guardados nos palheiros, que se destinavam aos meses de Inverno, “e depois como é que vai ser?”, perguntam os habitantes de Malhouce e do Salgueiro, e os de Vilarinho e da Coelheira; e os de todos os outros lugares por onde o fogo passou e deixou toda a terra queimada…

Desta vez, o fogo chegou ao nosso concelho de São Pedro do Sul, vindo de Arouca, como que empurrado pela força dos ventos e a incompetência do serviço de protecção civil, desafiando competências…, testando e pondo à prova as misteriosas forças engendradas pelos diversos Planos de Defesa da Floresta que, desde o longínquo ano de 2005, se têm revelado invariavelmente incapazes de evitar o descalabro que anualmente e de forma consecutiva tem sido provocado pelos fogos.

Não fosse tanta a dor e as recentes memórias que nos atormentam, e talvez que as encantatórias palavras agora proferidas pelo primeiro-ministro António Costa nos fizessem esquecer os actos do então ministro da Administração Interna António Costa; ou os resultados de anteriores inquéritos governamentais; ou as cambalhotas do mesmo então ministro e actual primeiro-ministro, relativamente à Proposta elaborada pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), em 2005, partindo do pressuposto base de que “a melhor maneira de combater um incêndio consiste em evitar que ele aconteça”.

Pois esta proposta, que previa a criação de um corpo profissional autónomo para desenvolver as operações ligadas ao ordenamento e à protecção da floresta e propunha um investimento de 678 milhões de euros, “a realizar entre 2005 e 2010”, foi considerada pelo mesmo responsável de então e de agora como “de um custo muito elevado, tendo o inconveniente de ter que mexer na organização das entidades, dos poderes e dos dinheiros vocacionados para esta área"!

Daí que a prioridade ao combate tenha prevalecido, em detrimento da prioridade à Prevenção, posição assumida pelo então ministro da Administração Interna, António Costa que, no mesmo momento em que esta proposta estava a ser discutida, anunciou a intenção de lançar concurso público para a compra ou aluguer de meios aéreos de combate aos incêndios...

No fundo, é Costa quem faz dos incêndios um negócio…

Com esta orientação, a realidade dos anos que se seguiram só tem mostrado o fosso cada vez maior que existe entre os meios financeiros mobilizados para o combate aos fogos e os que têm sido canalizados para a prevenção e reflorestação.

O primeiro-ministro António Costa acabou de frisar que a prioridade agora é "repor a economia destes concelhos a funcionar e em particular dos agricultores, e pensar no reordenamento da floresta, de forma a prevenir que situações destas venham a ocorrer no futuro”!

Mas quem é que acredita nisto?!

Pois se ele próprio e a maior parte dos trampolineiros que compõem o seu governo, tal como os oportunistas e traidores que o apoiam, têm provas dadas sempre em sentido contrário!...

Contudo, também quanto à autarquia de São Pedro do Sul, não basta reconhecer a razão que lhe assiste quanto à exigência do necessário e urgente inquérito aos acontecimentos que tiveram a ver com o prolongamento da propagação do fogo; também o seu actual presidente, Victor Figueiredo, não pode escudar-se por detrás do alarido, ignorando as suas próprias responsabilidades nas causas que permitiram ao fogo avançar e consumir tantos hectares de pastos e florestas, casas e palheiros.

Como é que é possível que um organismo como a Autoridade Nacional de Protecção Civil demore um ano para responder à apresentação do Plano Municipal de Emergência, e o outro organismo, a autarquia de São Pedro do Sul, faça depender da demora a sua denúncia duma tal irresponsabilidade, e só quando a situação de autêntica catástrofe nos bate à porta ouse reagir?!

Está bem de ver que “isto é tudo um putedo” que gasta o tempo a esfregar-se no tabuleiro de xadrez dos interesses e do compadrio, enquanto o fogo assim ateado reduz a cinzas a floresta e a vida dum povo inteiro!

O PCTP/MRPP exige que o poder central e a Câmara de São Pedro do Sul assumam as suas responsabilidades, sem mais subterfúgios!  

Os incêndios devem ser combatidos, antes de ser ateados!

Os criminosos devem pagar pelos crimes cometidos!

Os incendiários e quem deles se utiliza devem ser presos e condenados!

O auxílio e as medidas de compensação pelos prejuízos devem ser imediatos!

22.08.2016

Viriato


 


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