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EDITORIAL

Nice: Ataque com Camião

Esta noite, em Nice, cidade do Sul da França onde vivem dez mil portugueses, quando os franceses celebravam a Tomada da Bastilha, dia nacional da França, um camião branco, conduzido por um francês de ascendência tunisina, atacou a população que assistia ao fogo de artifício no Passeio dos Ingleses, atropelando-a e disparando sobre ela, provocando 84 mortos e mais de uma centena de feridos, dezoito dos quais ficaram em estado muito grave, segundo informações prestadas pelo ministério público de Paris.

François Hollande, presidente da França, qualificou o acto de terrorista, ameaçou intensificar os bombardeamentos aéreos terroristas sobre a Síria e o Iraque, e prorrogou por mais três meses o estado de emergência decretado na sequência do ataque dos jiadistas franceses a Paris, no dia 13 de Novembro do ano passado…

A gendarmaria francesa, polícia de natureza militar semelhante à guarda republicana portuguesa, tem um efectivo de 105 975 homens e mulheres, enquanto que a polícia nacional, semelhante à polícia de segurança pública em Portugal, reúne um efectivo praticamente igual ao da gendarmaria. Assim, Hollande dispõe de 220 000 agentes para combater aquilo que ele ainda ontem à noite continuava a designar como terrorismo.

Mas 220 000 agentes também não chegam, pois François Hollande, ainda ontem precisamente, ameaçou transferir para o interior de Paris e das cidades mais importantes do Hexágono um novo efectivo de 10 000 soldados do exército de terra, ou seja, da Infantaria. Ora, 230 mil homens e mulheres armados não chegam nem chegarão para calar o que o governo e o presidente da França teimam em designar de terrorismo e de terroristas.

O que é que se passa em França que nos querem esconder, a nós portugueses, cujas forças armadas estão a ser deslocadas, em efectivos de mercenários cada vez mais vastos, para substituir as tropas do imperialismo francês nas suas neo-colónias da África?

Há um ano que François Hollande, tal como os reaccionários maoistas da França, que aqui já denunciei indignadamente, falam de terrorismo, para classificar actos de guerra praticados por franceses, em território francês, e contra forças policiais e militares da França, totalmente ineptos para se lhes opor. E note-se que, desta vez, o Estado Islâmico não reivindicou para si a operação de Nice, que ficará, ao menos por enquanto, como exclusivamente francesa.

Há um ano que os factos têm sobejamente demonstrado a absoluta incapacidade das forças armadas e policiais da França para impedir o sucesso dos franceses nos actos de guerra que têm estado a praticar em França.

Existe em França uma guerra civil larvar, de franceses contra franceses, promovida por elementos do povo francês contra o imperialismo e os imperialistas da França.

Essa guerra civil vai crescer cada vez mais e vai mundializar-se. Hollande e os maoistas franceses chamam-lhe terrorismo. Mas a verdade é que essa guerra é cada vez mais a guerra que os maoistas do Partido Comunista de França (m-l-m) se recusam a reconhecer como a guerra do povo contra a guerra imperialista, guerra imperialista esta que o imperialismo francês levou e leva a cabo em África e no Médio Oriente, e que, quer queiram os maoistas da França quer não queiram, está a chegar a França, ao covil dos imperialistas.

Há em França dois milhões de imigrantes portugueses e seus descendentes. Mais cedo ou mais tarde, de um lado ou do outro, esses dois milhões de portugueses vão estar envolvidos na guerra imperialista, como carne para canhão dos imperialistas franceses, ou na guerra do povo contra a guerra dos imperialistas.

De que lado é que estarão então os maoistas do Partido Comunista de França (marxista-leninista-maoista)? Em Portugal, os seus amiguinhos liquidacionistas já estão do lado do imperialismo francês e das polícias secretas portuguesas… Pobre canalha!

15.07.2016

Arnaldo Matos


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