EDITORIAL
O Dono Deles Todos
Publicado em 21.08.2015
A pouco e pouco, vai-se descobrindo toda a verdade do caso: o dono disto tudo é afinal e também o dono deles todos.
Reportamo-nos, como a leitora e o leitor decerto já adivinharam, a Ricardo Espírito Santo Silva Salgado, quadrilheiro-mor da quadrilha de gatunos da família Espírito Santo, dona de um império económico e financeiro que, no seu auge, chegou a explorar cerca de trinta mil trabalhadores em Portugal e no mundo, e cujo volume de negócios alcançou, nos seus melhores tempos, perto de 15% do produto interno bruto português.
Nos meios mafiosos do capitalismo, o sujeito era conhecido como o dono disto tudo, o Senhor DDT…
Em Agosto do ano passado, o império da divina família Espírito Santo, na sua louca e gananciosa corrida pela acumulação capitalista, conheceu o chamado estouro da boiada e desintegrou-se numa falência universal do Banco e de todo o Grupo Espírito Santo.
A quadrilha e o quadrilheiro-mor, ocultando com a devida antecedência dinheiro e riqueza nas offshores do mundo, continuam podres de ricos, enquanto que a maior parte dos trabalhadores do Banco e do Grupo perderam os empregos, e os pequenos accionistas e pequenos depositantes das empresas e do banco da divina família ficaram reduzidos à miséria.
Salgado e a quadrilha Espírito Santo, que continuam mais ricos do que nunca, aguardam o momento em que poderão vir a ser de novo os donos disto tudo.
Só que Salgado e a respectiva quadrilha de gatunos nunca poderiam ter chegado a ser os donos disto tudo, se o Senhor DDT não tivesse ao seu serviço um batalhão de políticos corruptos e não fosse também o dono deles todos.
Sabe-se que a Ricardo Salgado, por especial obséquio do agente do ministério público e do juíz de instrução encarregados dos diversos processos criminais em que já está constituído arguido, foi aplicada a benevolente medida coactiva de obrigação de permanência na habitação, medida que tem estado a gozar no seu palacete de Cascais.
Acontece que o Dr. Mário Soares, fundador do Partido Socialista e candidato a pai da pátria portuguesa democrática, foi, no passado dia 6 de Agosto, visitar o senhor DDT no seu cárcere dourado do n.º 141 da Rua da Pedra da Nau.
Soares sentiu que devia uma explicação ao país atónito com tão insólita visita, e não encontrou nada de melhor do que a invocação da palavra amizade: Soares é amigo de Salgado…
Soares também alegou ser amigo de Sócrates; veremos agora quantas vezes irá visitar Sócrates e quantas vezes irá visitar Salgado, para se poder exprimir a equação das amizades que Soares dedica a um e a outro.
O problema para Soares é que há centenas de milhares de emigrantes, pequenos accionistas e pequenos depositantes portugueses que ficaram na miséria mais extrema por terem sido roubados pela quadrilha de gatunos dirigida pelo seu amigo Ricardo Espírito Santo Silva Salgado.
Soares é amigo de um gatuno, mas aqui não pode fazer ponto final parágrafo. Soares tem de explicar ao país e ao povo português qual é a origem dessa amizade e qual a força desse sentimento pessoal que o leva a visitar o dono disto tudo, quando centenas de milhares de portugueses pobres e remediados choram o roubo das suas economias de uma vida, levado a cabo pelo seu amigo.
Nessa explicação, que o povo espera e exige, Soares não se irá com certeza esquecer de referir quanto é que, em dinheiro e em toda a sua vida política, recebeu do chefe e da divina família Espírito Santo. Quanto é que dele recebeu – ou não recebeu? – para sustentar as campanhas eleitorais do seu partido e das suas candidaturas à presidência da república.
É a isto que Soares chama amizade?
Decerto Soares não foi nem será o único beneficiário da generosidade do capitalista que visitou agora em Cascais. Avance Cavaco, e diga-nos lá se recebeu ou não dinheiro para as suas campanhas, esportulado pelo senhor DDT! E venha Jorge Sampaio, e confesse-se sobre a mesma matéria! E dêem um passo em frente todos os chefes dos partidos do arco da governação e expliquem-nos lá, preto no branco, se e quanto receberam, para financiamento das suas actividades políticas, do ladrão protegido no seu Paço de Cascais!
Queremos todos saber, com meridiana clareza, se o Senhor DDT é ou não o dono desses políticos todos.
Coisa que é tanto mais urgente quanto é certo que, ainda anteontem, se propôs a Belém uma candidata que vem das fileiras do Grupo Espírito Santo, onde prestou serviço de consultadoria na empresa Luz Saúde, proprietária do Hospital da Luz e concessionária do Hospital Carolina Beatriz Ângelo e dona dos terrenos do quartel de onde vai ser em breve expulso, depois de negociata já concluída com António Costa enquanto presidente da Câmara de Lisboa, o Regimento de Sapadores Bombeiros.
Seria bom que Maria de Belém Roseira explicasse rapidamente ao país quais são as suas relações com o bandido protegido no n.º 141 da Rua da Pedra da Nau, em Cascais.
É só para se saber se Ricardo Salgado continua ou não a ser o dono disto tudo e deles todos, e dono dela também…
Arnaldo Matos
Dar Voz a Quem Não Tem Voz
Oeste
Um exemplo de liquidação do SNS
Recebemos de um nosso leitor a carta que expressa a preocupação quanto ao previsível encerramento do hospital de Torres Vedras e que, abaixo, transcrevemos na íntegra
Exmos Srs,
Meu nome é Patrick Francisco, tenho 46 anos, e sou residente em Torres Vedras.
Tomei a liberdade de deixar aqui uma reflexão sobre uma questão fundamental para os cuidados de saúde na Região Oeste de Portugal.
Um dos temas que tem suscitado grande preocupação entre os torrienses e em toda a Região Oeste, está relacionado com o acesso aos serviços hospitalares. Até agora, a Região Oeste tem sido servida por 3 Hospitais, nomeadamente em Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche.