CampanhaFundos202206

IBAN PT50003502020003702663054   NIB 003502020003702663054

Partido

Morrer na Praia...
Publicado em 30.03.2015 

Por apenas 231 votos, menos de 0.18% dos votantes, não conseguimos eleger ontem o nosso primeiro deputado à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira.

Mesmo assim, a minha primeira palavra é de profundo agradecimento ao povo da Madeira e do Porto Santo, que confiou em nós e nos deu o seu voto.

Na verdade, é apenas a uma parte do Partido e até a uma parte de nós mesmos, seus militantes, que se fica a dever esta ingrata derrota de morrer na praia, depois de ter ultrapassado, de dentes e punhos cerrados, quase todos os obstáculos que o inimigo nos pôs à frente, sobretudo por meio de uma comunicação social discriminatória e provocatória, que não deixou passar um único dia sem nos insultar, sem nos denegrir, sem ocultar ou desvirtuar o sentido das nossas realizações.

Mas também não é dessa gentalha de vermes da caneta, vendida ao capitalismo, sem carácter e sem escrúpulos, que nos devemos queixar.

Os 231 votos que nos faltaram são o saldo do balanço da luta entre as duas linhas no seio do Partido: a linha revolucionária proletária marxista-leninista, e que foi vencida pelos 231 votos em falta, e a linha contra-revolucionária burguesa revisionista, que desta vez acabou por vencer. Por uma unha negra, mas venceu!

Os nossos inimigos ideológicos internos são tudo gente simpática, que até pode não fazer muitas ondas, mas que sabota o trabalho do Partido de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Caracteriza-se essa gente por achar que todas as tarefas são impossíveis ou, no mínimo, muito difíceis; por ter o pé lento relativamente a tudo o que é preciso fazer depressa; por fingir que não compreende até mesmo aquilo que entra pelos olhos dentro; por uma descrença escandalosa na linha do Partido e, pior ainda, por uma descrença total nas massas.

Ora, as massas têm um entusiasmo potencial inesgotável pelo socialismo e pelo comunismo. Contanto que os proletários comunistas se empenhem na mobilização das massas e nelas confiem sem hesitação, não há no mundo nenhuma tarefa que as massas populares não sejam capazes de executar.

Não há impossíveis para o movimento popular revolucionário de massas.

Na verdade, a organização do nosso Partido na Madeira e no Porto Santo foi abandonada pelo Comité Central em meados dos anos oitenta do século passado. Até às presentes eleições legislativas regionais, não havia na Madeira um único militante, uma única célula, uma única estrutura do Partido na Região.

Em Julho passado, quando ainda não havia ideia da antecipação do sufrágio eleitoral regional, alguém começou sozinho um trabalho discreto e isolado em associações populares já constituídas, trabalho necessariamente paciente e demorado, de frutos seguros mas longínquos.

Caíu então de repente a antecipação do sufrágio eleitoral regional, e o Partido viu-se obrigado a partir para o combate, quando ainda não estava minimamente preparado.

Com a ajuda de uma pequena brigada deslocada do Luta Popular Online, constituída apenas por duas pessoas, e com um apoio local, foi iniciado o trabalho da ligação às massas da Madeira e do Porto Santo para se voluntariarem para a constituição da lista eleitoral do Partido.

A tarefa foi cumprida, mas alguns erros cometidos então nesta tarefa vieram a marcar o destino de toda a campanha, avolumando-se os erros nas fases seguintes e conduzindo ao resultado eleitoral de ontem.

O erro básico é sempre o mesmo: falta de confiança nas massas, incapacidade de mobilizá-las para a luta e para o cumprimento das tarefas.

Das cento e dez pessoas que se voluntariaram para a participação na lista eleitoral do Partido, apenas quatro – duas mulheres e dois homens – foram mobilizados para o combate e se mantiveram activos arrebatadoramente até ao dia do sufrágio.

É a essas quatro pessoas, conjuntamente com uma brigada do Partido, enviada de Portugal continental, constituída por quatro e, depois, por seis camaradas, sob a direcção de um membro do Comité Central enviado para a Região nos últimos treze dias de campanha, e ao apoio quase comovente dos madeirenses e porto-santenses com quem pudemos tempestivamente contar, que se fica a dever tudo o que se conseguiu fazer na Região Autónoma da Madeira na segunda e última fase da campanha eleitoral.

O Partido promoveu na Região Autónoma da Madeira a maior de todas as campanhas políticas aí realizadas por todos os partidos concorrentes em meios de esclarecimento escritos.

Foi o único partido que apresentou ao povo da Região um programa político eleitoral, um programa político de emergência e um programa de governo unitário, autonómico, democrático e popular.

E tudo isto acompanhado de uma campanha política de denúncias verdadeiramente avassaladora, assinadas pelo embrionário Comité Regional da Madeira do PCTP/MRPP.

O Programa Eleitoral do Partido é um marco histórico no processo do movimento autonómico na Madeira e no Porto Santo e mereceu um acolhimento caloroso das massas populares, muito embora não tenha ainda suscitado uma votação maciça.

O profundo estudo que fundamentou a elaboração desse programa, que ficou ternamente conhecido na linguagem popular como o livrinho, granjeou uma tal confiança em toda a gente, que até os outros partidos plagiaram algumas das nossas denúncias do jardinismo e citaram frequentemente os nossos números e as nossas estatísticas.

Na sexta-feira, dia 27 de Março, último dia da campanha, o Partido, que não existia pura e simplesmente no primeiro dia dela, conseguiu reunir num jantar de encerramento 91 pessoas, que foi uma das maiores reuniões de massas dos partidos, unicamente com excepção do PSD e do CDS, mas não da coligação de quatro partidos encabeçada pelo PS, que não conseguiu reunir ninguém.

Sim, é verdade: atravessamos todos os obstáculos e chegámos à praia. Não elegemos um deputado por falta de 231 votos, 0,18% dos votantes, num sufrágio que teve 50% de abstenções e 3,40% de votos nulos. Quem sabe quantos destes votos nulos são nossos? É preciso fiscalizar a assembleia geral de apuramento.

Seja como for, acho que o Partido não morreu. Está bem vivo. Mas muita coisa terá de mudar a partir de hoje.

E é no Comité Central!

Façam o obséquio de aceitar que eu assuma a responsabilidade desta derrota, embora não tenha no Partido nenhuma tarefa nem nenhuma responsabilidade, mas porque essa tem de ser a minha maneira de homenagear a Fernanda, o Agostinho, a Zita e o Tito, os quatro candidatos indomáveis.

E, se me permitirem, será também a minha forma de homenagear o povo da minha freguesia e do meu concelho, que confiou ao nosso Partido, respectivamente, 4,19% e 1,93% dos seus votos. Por ele obteríamos até mais do que um deputado.

 

Arnaldo Matos





Partilhar

Comentários   

 
# Maria Isabel Costa 07-04-2015 21:27
Sinto muito orgulho e honra, com todo o trabalho do camarada Arnaldo Matos, em prol da Campanha das Eleições Regionais da Madeira.

Jamais se pode " morrer na Praia", com uma fantástica obra de uma sensibilidade extrema, de amor à sua terra, ao povo e a toda a Região Autónoma da Madeira, como ficou demonstra no célebre "livrinho" da sua autoria.

A culpa dos resultados não é de todo do meu querido camarada, mas sim, de muitos outros factores que lhe são alheios, bem como a todos nós.

Um forte abraço, camarada Arnaldo Matos e muita FORÇA !!
 

Adicionar comentário


Código de segurança
Actualizar

Está em... Home PARTIDO Morrer na Praia...