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PAÍS

Trabalhadores do Sector da Saúde em Greve com Elevada Adesão

Os trabalhadores em funções públicas no sector da saúde encontram-se, desde as 0H00 até às 24H00 do dia de hoje, 24 de Outubro, a realizar uma greve de 24 horas.

A greve foi convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNST FPS) e tem como objectivo lutar, entre outros, pelos objectivos das 35 horas semanais de trabalho, por condições de trabalho dignas, pela contratação de mais pessoal.
A greve obteve um fortíssimo apoio, em particular, dos trabalhadores administrativos e auxiliares dos hospitais que ela primacialmente mobilizava.

Assim, e de acordo com a informação prestada ao Luta Popular Online pelo coordenador da FSTPS, os primeiros dados dos turnos que se iniciaram à meia-noite, em todos os centros hospitalares e centros de saúde de norte a sul do país apenas funcionaram os serviços mínimos. Já no decorrer da manhã, aquilo que constatámos é uma forte adesão a esta greve, com percentagens de 80 a 90% a nível nacional, nalguns locais com níveis de 100%, apenas estão a ser cumpridos os serviços mínimos.

Não funcionaram consultas externas, serviços de análises, cirurgias, sobretudo nos grandes centros hospitalares, como S. José.

Para além das reivindicações transversais a todos os profissionais da administração pública, como a semana das 35 horas - contra o roubo feito pelo governo e sancionado pelo tribunal constitucional -, e a luta contra a precariedade, os trabalhadores do sector da saúde agora em greve estão também, tal como os enfermeiros e médicos, confrontados com uma política de verdadeira escravatura, em resultado da falta de pessoal e da suspensão de novas contratações, com consequências gravíssimas para a qualidade e segurança da prestação de cuidados de saúde: as pessoas já não estão a fazer as 40 horas semanais, estão a fazer 50, 60, 70 horas semanais, com turnos diários de 14 e às vezes de 24 horas, ficando, numa perfeita ilegalidade, numa bolsa de horas que, aparentemente, será para compensar no futuro.

Por outro lado, o ministério da saúde utiliza vergonhosamente trabalhadores desempregados, trabalhadores que recebem subsídio de desemprego e que são chamados, sem qualquer preparação, sem qualquer formação, a desempenhar funções no SNS, funções de carácter permanente. Ao fim de um ano vão-se embora e vêm outros e o SNS não vai aguentar isto por muito mais tempo, porque as pessoas estão a entrar em total ruptura física e psíquica para uma função de extrema importância para a população portuguesa e que é altamente exigente.
A prestação destes cuidados é diferente, lidamos com a vida, com a morte, com os sentimentos das pessoas, o que não é compatível com profissionais a fazerem turnos de 17 horas.

Acresce ainda que estes trabalhadores agora em greve são vítimas de uma manobra inqualificável que consiste em terem vários dias que não lhe são pagos como trabalho extraordinário, mas em relação aos quais também não conseguem gozar descansos compensatórios, por falta de trabalhadores.


Uma coisa é neste momento mais do que certa: este governo de salafrários, cujo ministro da saúde foi dos que de forma provocatória se assumiu desde o início como o mais zeloso lacaio da Tróica, revelou já, com o orçamento para 2015, que não só não haverá novas contratações como é sua intenção reduzir ainda mais o número actual de trabalhadores.
Ou seja, o serviço nacional de saúde manter-se-á apenas como uma mera designação – para não se desmascararem logo – por detrás da qual se esconde a privatização em larga escala da prestação dos cuidados de saúde.

Por tudo isto – e a luta de hoje vem reforçá-lo – o único objectivo político que deve/tem de ser assinalado ao movimento de revolta dos trabalhadores só pode ser o do derrubamento urgente deste governo e, para isso, a realização de uma greve geral nacional de 48 horas unificadora da luta de todos os sectores profissionais.

E, entretanto, também se impõe que o PS de António Costa diga já se, caso venha a ser governo, revogará todas as medidas de cortes e austeridade previstas no orçamento, em particular no sector da saúde.


 



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