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PAÍS

A dívida e o senso comum – Firmeza contra a capitulação!

cartaz nao pagamosEm entrevista radiofónica à Antena 1, Mário Soares veio subscrever, sem subterfúgios, a ideia de que a dívida pública em Portugal é impagável. De uma forma geral embora, Soares referiu-se igualmente ao carácter especulativo da dívida e invocou a posição da Argentina, em 2002, para defender o não pagamento dessa mesma dívida. “Quando não se pode pagar, a única solução é não pagar”, rematou. Mais vale tarde do que nunca. Sem esquecer as culpas que o próprio Soares tem no cartório quanto a este assunto e a inconsequência das suas posições, deve registar-se esta mudança de opinião e avaliar o seu significado político.

Como se sabe, o PCTP/MRPP é o único partido político em Portugal que defende a posição do repúdio da dívida pública., consubstanciada na palavra-de-ordem “Não pagamos!”. Esta posição foi desde sempre apoiada pelos operários e trabalhadores mais conscientes e avançados e tem vindo a fazer o seu caminho mesmo entre as classes e camadas pequeno-burguesas, por princípio mais influenciáveis pela propaganda da grande burguesia e da banca internacional, para quem a dívida pública é desde sempre o grande negócio da China e um instrumento privilegiado de saque e dominação sobre os trabalhadores, os povos e as nações.

O repúdio da dívida pública é, em Portugal, uma atitude de princípio sem a qual não é possível unir as massas para resistir à presente ofensiva da contra-revolução e construir uma alternativa ao governo de traição nacional chefiado por Passos Coelho. Um obstáculo de peso ao êxito neste combate, são as hesitações e tergiversações nesta matéria por parte de partidos e organizações que, em princípio, são peças importantes na aliança política que há que constituir para derrotar a tróica e os seus lacaios. Tais hesitações e tergiversações são justificadas pelos seus protagonistas com o pretexto de uma suposta conformidade com o sentir da maioria da população, para quem, dizem, seria impensável deixar de honrar os compromissos com os credores internacionais.

De facto, a defesa do pagamento da dívida assumida por aqueles partidos e organizações (PCP, BE, CGTP/Intersindical, etc.) corresponde à posição mais recuada dos sectores mais recuados das massas. Qualquer trabalhador disposto a lutar pelos seus direitos e objectivos compreende, primeiro, que a dívida pública não pode ser paga e, segundo, que ela é ilegítima. Para isso, basta fazer contas e é suficiente também ter um mínimo de dignidade e de firmeza. É o senso comum acompanhado de uma cerviz direita que sustenta a palavra-de-ordem “Não pagamos!”, e não qualquer posição utópica ou teoria especialmente avançada e inacessível à maioria. Se tal posição de senso comum e de combatividade não se traduz num sentir e num querer colectivo transformado em acção, é porque as torrentes de propaganda das classes capitalistas e a capitulação de muitos dos que se arvoram em dirigentes da luta anti-capitalista e anti-imperialista, sabotam continuamente a compreensão e expressão prática daquela palavra-de-ordem.

Voltando à posição agora assumida por Mário Soares sobre o tema em apreço, ela representa o reconhecimento, por parte de um político experiente, do amplo apoio de massas ao lema “Não pagamos!”. A suspensão imediata do pagamento da dívida é, como o PCTP/MRPP vem defendendo, a base mínima de entendimento para a formulação de um programa de governo democrático e patriótico. Que se cuidem os que, propondo o objectivo derrotista e sectário de um “governo de esquerda”, vêm, do mesmo passo, defender que esse putativo governo é o que estará em melhores condições para pagar às classes exploradoras a dívida pública capitalista. Já poucos engolem essa táctica e esse discurso reaccionários. Melhor será que façam, pelo menos, o que agora fez Mário Soares. Se é que estão verdadeiramente interessados em derrubar o governo PSD/CDS, expulsar a tróica, derrotar a contra-revolução e unir as massas para formar um governo alternativo e ultrapassar a presente crise a contento de quem trabalha.


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