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PAÍS

Cavaco: Ou Demite ou Demite-se!

Na classe política parlamentar e burguesa é agora comum a ideia de que o presidente da república não só não tem nada a ver com a presente crise, como deve mesmo ser deixado fora dela, para poder intervir com eficácia em caso de necessidade.

E é assim que justificam que Cavaco só tenha falado três vezes, uma das quais por facebook, desde o dia 7 de Setembro de 2012 até hoje, quando vai passado mais de mês e meio sobre aquela inesquecível charla do primeiro-ministro sobre a taxa social única, proferida entre um jogo da selecção nacional de futebol e o depois do adeus, espectáculo musical do cinema Tivoli.

Nesse mês e meio, de norte a sul e de lés a lés, o país inteiro ergueu-se como um só homem – ou uma só mulher! – contra o governo de traição nacional Coelho/Portas, de tal forma que verdadeiramente Portugal não tem hoje em dia governo senão para tentar aprovar à força e com sangue o orçamento da Tróica.

Nesse intervalo, Cavaco falou três vezes: a primeira, em Évora, para aí declarar, umas horas antes da reunião do Conselho de Estado, que tinha sido expressamente convocado para analisar a crise política, que não havia crise política nenhuma, deitando assim a mão ao governo naufragado; a segunda, no facebook da presidência, para aproveitar-se das mais recentes opiniões de Cristine Lagarde, presidente do Fundo Monetário Internacional, consignando, em defesa do governo de traição nacional Coelho/Portas, que “nestas circunstâncias – e seguindo Lagarde – não é correcto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento que cumpra a todo o custo um objectivo de défice público” (o mau português é do algarvio de Belém...); e a terceira, no dia da República, a 5 de Outubro, onde nem uma única vez se referiu à actual crise política, à miséria dos portugueses, ao roubo dos salários pelos patrões e ao genocídio fiscal cometido pelo governo.

Quem estiver lembrado da conduta de Cavaco face ao governo de Sócrates, sempre larga e longamente fustigado todas as vezes que Aníbal abria a boca, não pode deixar de compreender a atitude actual do presidente-sócio da Sociedade Lusa de Negócios : Sócrates não era o governo de Cavaco e também não era um governo do Povo, mas Coelho/Portas é o governo de Cavaco, ainda que também não seja governo desse mesmo Povo.

O silêncio de Cavaco tem um claro significado, perante um governo que está completamente falido: Cavaco apoia o seu governo, o governo de traição nacional Coelho/Portas, porque este é, efectivamente, o governo de Cavaco e só com o apoio de Cavaco se vai mantendo.

É precisamente este silêncio ruidoso de Cavaco, em mais de mês e meio de profunda crise política, que obrigou todos os ex-presidentes da república (Soares, Sampaio e Eanes) a virem a terreiro apresentar as suas propostas para a saída da crise, acabando, muito embora por caminhos diferentes, por dar a Cavaco uma ajuda preciosa, porque também eles, apesar de reconhecerem a aguda crise política que o país vive, acharam todos que a pior solução seria a da convocação de novas eleições legislativas.

Nesta altura de gravíssima crise política, em que o governo de traição nacional Coelho/Portas foi destituído por um poderoso movimento popular de massas ainda em curso, e em que 85,5% dos inquiridos, na mais recente das sondagens, desaprova a forma como o governo está a governar, Cavaco encolhe o rabo, mete-o entre as pernas e faz de ventríloquo, insinuando que fala pela boca de outros: pela boca de Ferreira Leite, de Pacheco Pereira ou até pela boca do próprio Portas...

Cavaco tem assim, como sempre teve, duas caras: com uma das caras e por interpostas pessoas, finge estar contra o orçamento e demais políticas governamentais e, pela outra cara, que por agora está calada, apoia o governo e vai fazendo passar os orçamentos que transformam os portugueses em escravos e os matam literalmente à fome.

A questão central, porém, agora é esta: se Cavaco não demite o governo Coelho/Portas, que o povo odeia e já demitiu em notáveis jornadas de luta – que irão continuar, sem dúvida! – e então é o próprio Cavaco, em total dessintonia com o povo e com a Constituição da República, quem deve imediatamente demitir-se.

A atitude cobarde de Cavaco impõe ao actual movimento de massas não apenas a tarefa do derrubamento imediato do governo de traição nacional Coelho/Portas, mas também a tarefa do imediato derrube do actual presidente da república.

À palavra de ordem governo para a rua! tem de somar-se a palavra de ordem Cavaco para a rua! É que, na verdade, estamos perante uma só e mesma cambada política.


 

 

Eanes e a Crise Política Actual
Sampaio e o Consenso Alargado
Soares e o Governo PSD/CDS



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