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PAÍS

Filho do Gama é Mentiroso como o Pai…
Publicado em 10.04.2015 

Na edição do jornal Diário de Notícias de ontem, um tal João Taborda da Gama ocupa uma página inteira do periódico para tecer um longo e despropositado elogio ao já falecido Dr. Saldanha Sanches, homem que passou por diversos partidos de esquerda – PCP, MRPP, UDP e PS, entre outros – e acabou dando aulas de Fiscal nas cadeiras do fascista Martinez, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Ninguém contesta o direito de Taborda da Gama a elogiar, sempre e quando o entender, o seu antigo e saudoso professor de Direito Fiscal e de tecer por ele os maiores encómios e os mais rasgados elogios, sabendo-se todavia, como efectivamente se sabe, que não há neste mundo nenhum defunto que, ao partir-se, não tenha a honra de ter deixado atrás de si, em simultâneo e em paralelo, tanto uma grande fileira de amigos quanto uma idêntica coreia de adversários.

Ora, depois de santificar e turibular o Sanches, confessa então o Taborda da Gama aquilo a que realmente vem, com elogios tão despropositados quanto irremediavelmente tardios: vem acusar António Sampaio da Nóvoa, putativo candidato presidencial do Partido Socialista em 2016, de ter presidido ao júri académico que chumbou Saldanha Sanches no exame das provas de agregação para professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Diz assim o Taborda, no passo final em que espeta a faca nas costas do Doutor Sampaio da Nóvoa:

 
Em finais de junho de 2007, Saldanha Sanches apresentou-se a provas de agregação na Universidade de Lisboa. A composição do júri não deixava dúvidas sobre o que se ia julgar, não era o seu currículo académico nem as suas obras, ambos irrepreensíveis - era a sua liberdade. Talvez devesse ter ficado em casa, ir passar uma semana à Suíça, tão agradável no início do verão. Mas Saldanha Sanches não fugia. Chumbaram-no. De forma vil. Nos júris académicos, como nos países, há um presidente, alguém cimeiro que normalmente não deve intervir, só apenas em casos-limite, para impedir a injustiça. Alguém que tem de ter coragem para repor a ordem justa das coisas, sempre que esta falte. Uma espinha dorsal e moral sobressalente, de reserva. O júri que reprovou José Luís Saldanha Sanches tinha António Sampaio da Nóvoa como presidente.
 

Como se vê, Taborda da Gama responsabiliza António Sampaio da Nóvoa pelo chumbo de Saldanha Sanches. Taborda é, por isso, um mentiroso compulsivo. Deixo aqui escarrapachada a constituição do júri que, em 28 de Junho de 2007, chumbou Sanches nas provas para professor agregado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

• Jorge Braga de Macedo,
• Diogo Leite Campos,
• Marcelo Rebelo de Sousa,
• Jorge Miranda,
• António Menezes Cordeiro,
• Fausto de Quadros,
• Paulo Otero,
• Eduardo Paz Ferreira,
• Miguel Teixeira de Sousa.

No regime em vigor na altura, a votação era secreta e fazia-se por bolas pretas e bolas brancas, tendo Sanches chumbado por seis pretas contra três brancas. António Sampaio da Nóvoa, então reitor da universidade, foi, por inerência, presidente do júri do exame de agregação, mas não votou, porquanto, segundo a lei em vigor à época, o presidente do júri só podia votar em caso de empate, a menos que fosse professor da disciplina de que se estava a prestar provas, o que não era o caso. O ex-reitor fez a sua carreira na área da educação e não tinha qualquer ligação ao Direito.

António Sampaio da Nóvoa não tem pois nenhuma responsabilidade no chumbo de Sanches, visto que não votou nem teria voto na matéria.

Tudo isto são normas que Taborda da Gama tem obrigação de conhecer, antes de se pôr a insultar Nóvoa.

Mas porquê o insulto de Taborda a Nóvoa?

Taborda é daqueles escribas opinativos que não faz declaração prévia de interesses, pois oculta nas páginas do Diário de Notícias que é filho de Jaime Gama, e que pai e filho alimentam a esperança de que o mais velho dos dois venha a ser brevemente candidato do PS às eleições presidenciais de 2016.

E seria também bom que quando escreve nos jornais, Taborda da Gama não se esquecesse de referir que, desde 2011, é consultor de assessoria para assuntos políticos do Cavaco de Boliqueime.

Fará a mentira parte do ADN dos Gama? É que, em 1968, o paizinho de Taborda, presidindo a uma reunião magna de estudantes na velha cantina da Cidade Universitária, escondeu no bolso a proposta de uma manifestação contra o fascismo, afirmando a pés juntos que não teria dado entrada na mesa e que nunca a vira.

Até que Danilo Matos, então estudante de engenharia do Instituto Superior Técnico, atravessou toda a sala em três ou quatro saltos, trepou para a mesa, agarrou Gama pelos colarinhos e, à vista de milhares de estudantes, tirou-lhe do bolso do casaco a proposta que o futuro paizinho do Taborda escondera à assembleia.

Claro: o Gama foi corrido, a proposta foi votada, a manifestação fez-se e foi um enorme sucesso político!

Um rico património genético de aldrabões, estes Gamas!

 

Arnaldo Matos





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