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PAÍS

Um Presidente Sem Vergonha na Cara!

O Presidente da República divulgou ontem, terça-feira, no sítio informático da presidência, invocando “uma razão de transparência”, a transcrição na íntegra das suas alegadas declarações a perguntas de jornalistas a propósito da situação do Grupo Espírito Santo (GES), prestadas no dia 21 de Julho de 2014 – há quarenta e três dias, portanto -, em Seul, capital da República da Coreia do Sul, onde então se encontrava, no decurso de uma visita absolutamente injustificável, atendendo às nossas relações actuais com a China.

Um jornalista perguntou aí ao presidente “como estava a acompanhar a situação do BES e se encarava a possibilidade de consequências para a economia portuguesa.” O presidente respondeu que “haverá sempre efeitos não do lado do Banco, mas da área financeira”.

Não há ninguém neste País que, tendo então escutado Cavaco, não tenha compreendido o sentido e alcance das palavras do analfabeto de Boliqueime: o BES estava sólido, mas as bocas da imprensa sobre o BES poderiam produzir maus efeitos na área financeira.

Esta interpretação das palavras de Cavaco à imprensa portuguesa em Seul era tanto mais impositiva quanto é certo que repetia a garantia do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, dada três dias antes, em Lisboa: “o BES está protegido”.

Das declarações de Cavaco em Seul, o que porventura ficará para a história será exactamente isto: na primeira quinzena de anos do século XXI, Portugal teve um presidente tão estúpido e tão cretino que, apesar de professor em economia e finanças e de leccionar no Instituto Superior de Economia e Gestão, afirmou um dia em Seul, a 20 000 quilómetros de Boliqueime, que era financeiramente sólido um banco, denominado BES – e que por acaso lhe havia financiado todas as campanhas eleitorais -, que oito dias depois do certificado presidencial de solidez ruía com o estrondo do Cracatoa…

Este é pois o idiota que temos na presidência da República. Se tivesse o mínimo de vergonha na cara já se teria demitido do alto cargo que exerce, manifestamente sem competência para tal.

Mas não! Em vez de se demitir, como lhe cumpriria, ensaia uma manobra, onde ao ridículo acrescenta a falta absoluta de honestidade intelectual: quarenta e três dias depois de as ter proferido em Seul, Cavaco faz publicar pela primeira vez, o texto alegadamente integral dessas palavras.

Ora, se o texto agora trazido a lume nunca foi publicado antes por Cavaco nem consta de nenhum documento público, designadamente de um órgão de comunicação social; se o próprio Cavaco nunca reconheceu o dever de tornar público este texto, em nome de que princípios éticos e de que provas deontológicas o vem publicar agora? Que provas pode invocar o presidente sobre a veracidade e integralidade do texto agora – e só agora – tornado público?

A primeira coisa que os portugueses se acharão no direito de fustigar a Cavaco é a de terem em Portugal um presidente a quem falta todo o decoro ético, toda a seriedade cívica e toda a honestidade intelectual, pois só um aldrabão invocaria a indignidade de puxar da cartola um texto nunca publicado antes para, quarenta e três dias depois do acto, vir alegar a prestação de declarações que ninguém ouviu nem registou em parte alguma e que o próprio interessado nem deu na ocasião a conhecer no portal da presidência.

Sem prejuízo do que antecede e sem concessões à aldrabice de Belém, vamos, mesmo assim, transcrever o que Cavaco alega ter proferido integralmente em Seul, há mais de seis semanas:

 

Haverá sempre efeitos, não do lado do Banco, mas da área financeira.

Se alguns cidadãos, alguns investidores, vierem a suportar perdas significativas, podem adiar decisões do investimento ou mesmo alguns deles podem vir a encontrar-se em dificuldades muito fortes; por isso, não podemos ignorar que algum efeito pode vir para a economia real, por exemplo, em relação àqueles que fizeram aplicações em partes internacionais do Grupo que estão separadas do próprio Banco em Portugal. Mas eu penso que, pela informação que temos, não terá assim um significado de monta”.

O Banco de Portugal, desde algum tempo tem vindo a tomar medidas para isolar o Banco, a parte financeira, das dificuldades financeiras da zona não financeira do grupo. E o Banco de Portugal tem sido peremptório, categórico, a afirmar que os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa.

Eu, de acordo com informação que tenho do próprio Banco de Portugal, considero que a actuação do Banco e do Governador tem sido muito, muito correcta”.

 

Transcrevemos na íntegra o texto que Cavaco, por alegadas razões de transparência, fez publicar no portal informático da presidência e que constituiria a versão oficial do que disse em Seul.

Como os leitores verificarão, a publicação do texto tem unicamente em vista imputar ao governador Carlos Costa, ao Banco de Portugal, a responsabilidade pela tese de que, em 21.07.2014, o BES era um banco sólido. Cavaco disse-o em Seul; agora vem dizer que o disse, porque Carlos Costa o dissera … Aos seus já conhecidos defeitos morais e intelectuais, Cavaco acrescenta agora mais um: a cobardia.

Com efeito, o presidente de Boliqueime é professor de ciências económicas e financeiras, lecciona na nossa Universidade e é reformado da Direcção do Banco de Portugal. Tinha a estrita obrigação de saber qual era a situação do BES em 21.07.2014. Poderia até sabê-la através do Luta Popular Online, pois nas páginas do jornal, em 15 de Abril de 2014, não só alertámos para a falência do BES como para a incompetência do regulador Carlos Costa.

Contudo, se Cavaco tão vergonhosa e cobardemente vem agora sacudir a responsabilidade do seu capote para o capote de Carlos Costa, há uma pergunta que urge: é também por cobardia que não propõe ao governo a demissão do actual governador do Banco de Portugal?! Pois se Cavaco, ao fim e ao cabo, acha que foi enganado pelas informações do governador do Banco de Portugal sobre a situação financeira do BES, por que não o demite ou por que não propõe a sua demissão?

Se o leitor me perdoar o abuso, iria pedir-lhe que lesse aquilo que Cavaco alega ser a transcrição na íntegra das palavras proferidas em Seul. Repare o leitor no oportunismo do discurso de Cavaco sobre o BES: o BES é sólido, mas algum efeito pode vir para a economia real. Mas o BES é forte!...

Vejam como, a uma semana do estouro monumental do BES, o analfabeto de Boliqueime defendia a solidez do Banco. Claro, Cavaco não podia falar de outra maneira, pois os gatunos da família Espírito Santo financiaram todas as campanhas eleitorais de Cavaco nos dez anos que Cavaco foi primeiro-ministro e nos dez em que foi presidente da República…

Durante vinte anos, o BES foi o patrão de Cavaco; e, consequentemente, Cavaco foi o lacaio do BES.

Essa é que é essa!

Será que a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público têm coragem de investigar as relações de Cavaco com a banca portuguesa em geral, e, em especial, com o BES ?

Podem começar pelas contas bancárias de Cavaco e pela história das acções da Sociedade Lusa de Negócios e a aquisição da sua vivenda actual, obtida por troca com a casinha Mariani…


Espártaco


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