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PAÍS

O Pé-Lento da Senhora Procuradora

A Senhora Procuradora-Geral da República é uma mulher de pés-lentos. Esperemos que não seja tão lenta de cérebro, porque, se o for, com tal lentidão de pés e de espírito, não se alcança como, presidindo ela ao Ministério Público, logrará deitar a mão a uma quadrilha de gatunos à solta, como é a família Espírito Santo.

Os órgãos da comunicação social de hoje, dia 2 de Setembro, anunciaram – e não se vê porque deveriam fazê-lo – que a Dra. Joana Marques Vidal nomeou ontem uma equipa especial para investigar o caso BES.

Porquê só ontem? O Grupo Espírito Santo está fraudulentamente falido desde Dezembro de 2012. Eu próprio tive a oportunidade de chamar a atenção dos meus estimados leitores para o facto de que o Banco Espírito Santo estava irremediavelmente falido, desde o primeiro trimestre de 2014.

Em Portugal, não há nenhum ser humano sério que compreenda por que razão o Ministério Público e a Procuradoria-Geral da República se coibiram de investigar as práticas criminosas de burla, falsificação de documentos e de lavagem de dinheiro consumados diariamente aos balcões do banco e das empresas do Grupo Espírito Santo.

Toda a gente, talvez com a excepção dos agentes do Ministério Público e da Procuradoria-Geral da República, sabe que a família Espírito Santo sustentou as eleições de Mário Soares e de Cavaco Silva para a presidência da República, mas nunca as contribuições monetárias eleitorais da família Espírito Santo foram investigadas.

O Grupo Espírito Santo e o Banco Espírito Santo estão umbilicalmente ligados a todos os grandes crimes económicos perpetrados em Portugal nos últimos quarenta anos, desde a paródia das scuts (autoestradas sem custos para os utilizadores) às parcerias público-privadas, desde os swaps às grandes obras públicas, desde os submarinos até ao negócio dos helicópteros e dos carros de combate.

Até agora, nem a Procuradoria-Geral da República nem o Ministério Público deitaram as mãos a um só que fosse desses bandidos.

Nas últimas quatro décadas, cerca de quarenta quadros do Grupo Espírito Santo ocuparam, nos sucessivos governos reaccionários do PS e do PSD, pastas de ministros e de secretários-de-estado, governos com campanhas eleitorais financiadas por Ricardo Espírito Santo Silva Salgado e outros bandidos da família Espírito Santo.

Nunca a procuradora-geral da República ou os agentes do ministério público mandaram investigar esses crimes. E, quando porventura fingiram investigá-los, como aparentou suceder no caso dos submarinos e no abate de dezenas de milhares de sobreiros nas Herdades do Infantado e da Comporta, foi para mandar arquivar os processos e ilibar dos crimes os bandidos da família Espírito Santo, alguns deles ministros e secretários dos governos que autorizaram as negociatas (PS e PSD).

A senhora procuradora-geral da República não tem que mandar noticiar, como hoje o fez, a constituição de uma equipa especial para investigar o caso BES; a senhora procuradora-geral da República tem é que explicar, sem demora e sem ambiguidade, os motivos por que só ontem mandou constituir essa equipa.

Porque, salvo melhor opinião, só pode haver dois motivos possíveis para a lentidão da senhora procuradora-geral e dos agentes do ministério público: ou a incompetência, e isso obriga a uma demissão imediata do cargo, ou é algo mais grave que poderá implicar prisão.

Seja como for, a senhora procuradora-geral da República deve uma explicação clara ao povo português e essa explicação não pode tardar mais.

O povo português tem o direito de confiar nas instituições a que cumpre perseguir os criminosos, e não quererá adormecer sobre a ideia de que a corrupção dos Espírito Santo chega infelizmente a toda a gente. Ora, a questão é saber das razões pelas quais a procuradoria e o ministério público só prendem e investigam pilha-galinhas…

Venha pois daí a explicação para a inépcia e para a inércia do ministério público e da procuradoria-geral da República na conduta que adoptou face à quadrilha de bandidos da família Espírito Santo.

Porque só agiram agora? Onde estão os documentos que permitem acusar dos seus crimes os bandidos do Grupo de Ricardo Salgado? Onde está o dinheiro que conseguiram desviar? Porque não está nenhum desses bandidos preso preventivamente? Quem ficou com o dinheiro das últimas emissões do BES em bolsa? O que andam o Ministério Público e a Procuradoria-Geral a fazer? A tentar adormecer-nos?!


Espártaco


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