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EDITORIAL

As Perguntas que Ninguém Fez a François Hollande…

François Hollande, presidente da república francesa, esteve ontem meia dúzia de horas em Lisboa. Foi convidado por Marcelo e Costa, quando estes, num gesto absolutamente insólito de saloiismo nacional, resolveram transportar para Paris a celebração do dia de Portugal. Marcelo e Costa pensaram poder esconder a sua pequenez mental convidando Hollande a visitar Lisboa o mais depressa possível, o que não escusou o presidente da França de lembrar-lhes que, muito embora disposto a aceitar imediatamente o convite, não se obrigaria, por razões para ele óbvias, a fazer a visita no dia nacional da França…

Com aquela observação irónica, François Hollande passou logo um atestado de menoridade mental política ao presidente da república portuguesa e ao primeiro-ministro de Portugal.

Os acontecimentos de Nice, porém, vieram inesperadamente em socorro dos dois palonsos de Belém e São Bento. E foi o então pretensioso François Hollande quem afinal acabou desembarcando em Lisboa, muito perto da data da Tomada da Bastilha, como um destroçado pobre de pedir.

Hollande apeou-se na Portela totalmente desfeito com o ataque a Nice.

Em Nice, cidade mediterrânica da França onde vivem dez mil Portugueses, quando os franceses comemoravam a Tomada da Bastilha, dia nacional da França, um camião branco, conduzido por um francês de ascendência tunisina, atacou a população que assistia ao fogo de artifício no Passeio dos Ingleses, atropelando-a e disparando sobre ela, provocando 84 mortos e 202 feridos, cerca de 50 dos quais em estado grave.

O ataque a Nice, no próprio dia da festa nacional da França, a 14 de Julho de 2016, provou uma vez mais a inutilidade absoluta do estado de emergência para conter as operações militares dos jiadistas franceses no próprio território da nação imperialista gaulesa.

Ora, em Lisboa, ninguém usou perguntar a François Hollande para que servia afinal o estado de emergência, que foi decretado em Paris pelo mesmo presidente da república francesa em Janeiro de 2015, quando do ataque ao Charlie Hebdo, foi reforçado em Novembro de 2015, no ataque a Paris, e foi agora prorrogado até ao dia 15 de Janeiro de 2017, após o ataque a Nice. Há mais de um ano que vigora o estado de emergência, que estão suspensos os direitos, liberdades e garantias constitucionais dos cidadãos franceses, e que as polícias entram onde querem, às horas que querem e matam quem querem e quem não querem.

Também ninguém perguntou a François Hollande como é que, havendo em Nice, 50 gendarmes e 50 polícias municipais, todos armados de espingarda metralhadora de guerra, e achando-se essas forças reforçadas para o dia da nação, como é que nenhum desses polícias de opereta teve coragem e inteligência de atirar para os pneus do camião branco, retendo-o no próprio lugar onde iniciou a sua marcha homicida, impedindo-o de executar a sua missão ao longo de dois quilómetros e prendendo o respectivo condutor?

No tempo em que estive na Tropa, qualquer um dos meus soldados era capaz de fazer isto.

E, por conseguinte, também ninguém perguntou ao presidente francês como é que naquele dia, em Nice, a cidade mais supervigiada de França para a festa do dia 14 de Julho, em pleno estado de emergência, viu destruídas as suas linhas de segurança, garantidas por uma centena de chuis armados atá aos dentes?

E, já agora, podiam também Marcelo e Costa perguntar a François Hollande, por que é que a gendarmaria e a polícia, cobertas pelo estado de emergência, tão inúteis em Nice, se revelaram tão eficazes para combater o movimento revolucionário proletário que se ergueu por toda a França para derrubar a ultrafascista Lei do Trabalho?

E, por fim, perguntar-lhe a que é que lhe soube a vaia monumental com que os franceses de Nice receberam o seu governo na última visita à cidade?

É que François Hollande percebeu já com certeza que os jiadistas franceses, pelo menos, liquidaram já para todos os efeitos a sua próxima candidatura presidencial…

Mas a pergunta mais importante que Marcelo e António Costa teriam o dever de fazer a Hollande, e não fizeram, era questioná-lo sobre os motivos por que as forças armadas portuguesas, transformadas em lacaios e mercenários do imperialismo francês, haveriam de dar o pêlo pelos interesses da França em África e no Médio Oriente.

Digam-nos claramente Marcelo e António Costa, por que não exigem o regresso imediato das nossas tropas estacionadas em África e no Oriente Médio aos seus quartéis em Portugal e, ao invés, preparam-se para enviar novos contingentes para essas paragens?! Assumem Marcelo e António Costa as responsabilidades políticas e pessoais de futuros actos de guerra jiadistas em Lisboa ou em Portugal?

20.07.2016

Arnaldo Matos


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