CULTURA
A Voz do Vento
A VOZ DO VENTO
Um jorro sangrento transvasando as valetas.
A culpa correndo ao apelo da vergonha.
Um acordar violento ao dobrar dos sinos.
Ouvi a voz do vento e vislumbrei o Paraíso!
Oito fados na negra noite
Mil pecados para expiar.
Espuma e seda
Como matéria-prima nas mãos do oleiro
Braços verdejantes de salgueiro
Refletidos no Mondego…
A «seca» colocara «deus» no centro das atenções
A Usura num altar…
E os inúteis ajoelhados a rezar-lhe mil orações
Por trinta dinheiros Judas traiu!
A inoculação do vírus
Propaga-se nos incapazes.
O conceito de honra não cabe no seu nível biológico.
A mediocridade dos seus cérebros
Não conhece o conceito de dignidade.
Hei-los! Em seu lamaçal…
De corpos nus e cloacas disformes
Expelindo anedotas de abjetos fedores
Em celebração dos seus horrores.
Pobres vendidos!
Com a razão submetida a um instinto de cão
Vivem a vida farejando nos becos
O excremento metálico da dominação…
E se alguém lhes pergunta:
Quem são?!
Apenas respondem: - Ão! Ão!
José Cruz