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CORRESPONDÊNCIAS

ENVC - A confirmação de uma linha política

(do nosso correspondente em Viana do Castelo)

envc 01Um experiente camarada comunista marxista-leninista questionado sobre quais as razões por que um governo de traição nacional como este, e nas circunstâncias políticas actuais da luta de classes, ainda não tinha caído, perante o silêncio dos ouvintes, respondeu: são duas, uma o PS e a outra a CGTP.O PS porque se não tivesse aceitado negociar o acordo de “salvação nacional” proposto pelo bandalho do Cavaco, o governo teria caído; a CGTP porque desconvocou a passagem a pé sobre a ponte. Pois, no que respeita à CGTP não se trata de um erro, de um erro grave é certo, mas apenas erro. Não! Os factos recentes nos ENVC provam que é uma política, uma política feita de desistência e derrota.

Todo o operário consciente, todo o democrata, todo o patriota cuidava, ainda há pouco, que os trabalhadores dos ENVC, principalmente os operários, estavam na vanguarda do combate político contra o avanço da contra-revolução não só no domínio das relações laborais como pela salvaguarda dos meios de uma estratégia nacional de desenvolvimento baseada na potenciação dos recursos próprios, nomeadamente do mar, contra a prática traidora do governo de venda ao desbarato de todos os activos e de entrega à exploração imperialista dos recursos nacionais.

A ofensiva vende-pátrias do governo consistia em concessionar o terreno e os equipamentos dos estaleiros a uma empresa de um grupo falido, a Martifer, por meia dúzia de tostões para, salvaguardando interesses de banqueiros postos em causa quer pela situação financeira do próprio grupo Martifer quer pela possibilidade de violação dos contratos dos ENVC, lavar as mãos do futuro encerramento do mesmo com a entrega do negócio da construcção naval aos estaleiros do Norte da Europa (encerrando os ENVC, mais negócio fica para os restantes estaleiros). Cumpriria assim mais um acto no processo de integração europeia do país fazendo o que Soares, Cavacos, Guterres, Barrosos e Sócrates já haviam feito no passado, mas ainda com maior gravidade dada a debilidade actual do aparelho produtivo nacional: liquidando a capacidade produtiva num sector estratégico para o desenvolvimento do país. Não hesitou mentir sobre exigências da UE, não hesitou em utilizar meios avultados para oferecer de borla à concessionária, não hesitou em utilizar todos os meios para tentar “limpar” os ENVC dos seus, segundo um ex-administrador, “piores passivos”, os trabalhadores.

A propaganda comunista marxista-leninista tudo isto denunciou. Para a vitória numa luta desta natureza tornava-se essencial conhecer o interesse do inimigo, a solidariedade dos sectores democráticos e patrióticos e uma unidade férrea dos trabalhadores para não se deixarem encantar pelos cantos da sereia do duvidoso interesse pessoal imediato ensaiados pelo governo. Mas um bando de dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas do Distrito de Viana do Castelo (STIMMDVC), sindicato filiado na CGTP, o Branco Viana, o Martinho Cerqueira e o Diamantino Veiga, todos eles trabalhadores dos ENVC, para justificarem o seu encanto pelo interesse material imediato, violaram o mandato dos operários e negociaram com o ministro um “plano social” (mais 3500€ para cada trabalhador com direito ao complemento de pensão, mais 2500€ para os restantes e promessa de “prioridade” para os trabalhadores dos estaleiros nas 400 admissões da Martifer) em troca da traição (rescisão com mútuo acordo até 21 de Fevereiro). Para quem não assinasse, despedimento colectivo com direito exclusivamente aos “mínimos legais”. Dos actuais 617, apenas 11 resistiram.

E qual foi a reacção da CGTP que, em palavras, propunha a continuação da luta? Denunciar e expulsar do seu seio quem traiu desta maneira uma luta tão importante para os interesses sindicais? Não! Silenciar; passar de fininho; desistir. A mesma atitude da ponte. Enfim, uma política. Para já venceram o cálculo e o interesse pessoal, perderam a classe e interesses democráticos e patrióticos. Mas esta derrota de hoje pode ser transformada em vitória amanhã, se soubermos retirar as devidas lições.


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