Os enfermeiros do Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio, na cidade de Leiria, entram amanhã em greve contra as condições de verdadeira escravatura a que têm sido obrigados a trabalhar pelo ministério da saúde.
A greve tem a duração de 48 horas e inicia-se às 08H00 do dia 10 de Julho e termina às 20H00 do dia 11 de Julho.
Os enfermeiros decidiram ainda recusar-se a fazer horas extraordinárias programadas.
O objectivo da greve, de acordo com o comunicado do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, é a contratação de enfermeiros por forma a suprir o recurso contínuo ao trabalho extraordinário programado.
A escandalosa situação em que se encontram estes profissionais da saúde, a exemplo do que ocorre com os seus colegas de trabalho do Centro de Saúde da Marinha Grande, ambos integrados no Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral, traduz-se no facto de, perante a recusa do ministério de contratar mais enfermeiros, os centros de saúde estarem a recorrer de forma continuada a trabalho extraordinário programado, o que, para além de ser manifestamente ilegal, obriga os enfermeiros a ritmos de trabalho insuportáveis, levando-os à exaustão física e a colocar em risco a qualidade dos cuidados de saúde por eles prestados.
Acontece, no caso, que os 15 enfermeiros actualmente em serviço no centro de saúde Dr. Arnaldo Sampaio têm a seu cargo 45 000 utentes (uma média, portanto, de 3 000 utentes por enfermeiro), quando a regra é a de um enfermeiro para 1 200.
O golpe a que, no caso, o ministro da saúde tem recorrido para satisfazer as exigências da tróica, à custa de uma degradação inaudita das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores deste sector, é o de ir extinguindo as extensões e, desse modo, concentrando os seus utentes nos respectivos centros de saúde , mas sem contratar para eles mais enfermeiros.