PAÍS

Desemprego: o princípio dos vasos comunicantes que tanto surpreende o Coelho!

Confrontado com os números agora divulgados pelo Eurostat sobre o agravamento do desemprego em Portugal, a hipocrisia de Passos Coelho e do governo de traidores que dirige expressa na interjeição foi algo de inesperado, supera todos os limites da provocação e da humilhação a que estão a sujeitar os trabalhadores e o povo português para bem servir os seus patrões da tróica germano-imperialista.

Foi também esta tão inesperada situação que, na semana passada, levou o ministro Miguel Relvas a afirmar que o desemprego tira-nos o sono. Esqueceu-se é de dizer que o que verdadeiramente lhe tira o sono é imaginar os processos mais eficazes de roubar o salário e o trabalho e reduzir o subsídio de desemprego.

A básica percepção do princípio dos vasos comunicantes que se aprende nos bancos da escola, na disciplina de física, permitiria a qualquer um antecipar e percepcionar quais seriam as consequências das medidas terroristas e fascistas que o governo Passos/Portas, sempre ao serviço dos seus patrões do eixo Berlim/Paris, tem vindo a impor ao povo e a quem trabalha.

Era por demais evidente que o confisco ilegal do subsídio de Natal de 2011, o roubo dos subsídios de férias e de natal de 2012 aos trabalhadores da função pública, o roubo dos salários e do trabalho, a facilitação e embaretecimento dos despedimentos, a par de uma política de venda, a preços de saldo, de activos e empresas estratégicas, iriam redundar num profundo agravamento da fome, da miséria e do desemprego, a par da ruína e falência de muitas empresas de pequena e média dimensão, bem como a um incontrolável aumento da recessão.

Existem três indicadores que andam sempre de mãos dadas e que, apesar de extremamente visíveis ultimamente no nosso país, este governo vende-pátrias tenta desesperadamente escamotear: aumento do desemprego, falência de pequenas e médias empresas e crescimento exponencial do número de milionários. Isto a par, claro, de uma massiva destruição de forças produtivas e do nosso já muito fragilizado tecido produtivo.

Mas, vamos aos números que o Eurostat libertou sobre o desemprego no nosso país, referentes ao 1º trimestre de 2012: 15,3% da nossa população activa está no desemprego, o que, por si só, faz de Portugal o 3º país da União Europeia com a mais elevada taxa de desemprego, somente ultrapassada pela Espanha (24,1%) e pela Grécia (21,7%). Mesmo não sendo estes números realistas, porque não contemplam os designados inactivos disponíveis e os inactivos desencorajados, que fariam com que esta taxa ultrapassasse os 23% e o número de desempregados já se cifrasse nos cerca de 1,3 milhões, são já de si bem demonstrativos de que este não é o caminho que convém à classe operária, aos trabalhadores e ao povo português.

Com uma política assente no pressuposto do pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, que pretende, ainda por cima, que sejam os trabalhadores e o povo, que não a contraíram nem dela beneficiaram, a pagar, sempre denunciámos que o caminho que o governo de traição PSD/CDS persiste em trilhar é o caminho da liquidação do pouco que ainda resta do nosso tecido produtivo, da nossa agricultura e pescas, transferindo activos e empresas públicas estrategicamente importantes, a preços de saldo, para as mãos dos grandes grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, e lançando o nosso povo numa ainda mais pronunciada fome, miséria, desemprego e precariedade.

Bem que pode vir agora Passos Coelho e Portas chorar lágrimas de crocodilo e afirmar que até para eles, sempre rodeados de tantos especialistas, economistas, opinadores e politólogos, este aumento do desemprego foi algo inesperado, que nenhum trabalhador ou elemento do povo consciente acreditará.

Torna-se cada vez mais evidente e premente que este governo de traidores seja derrubado. O seu derrube é condição para que seja possível materializar uma medida há muito reclamada pelos trabalhadores e pelo povo português: o não pagamento da dívida!

É necessário, é urgente, como diria o poeta, que uma frente que congregue todas as camadas populares, de esquerda, se constitua, se organize e se mobilize para derrubar este governo de traição, este governo de serventuários da tróica germano-imperialista que quer fazer de Portugal um protectorado ou colónia da Alemanha. Uma frente que constitua um Governo que aplique um programa democrático patriótico, assente num plano de investimentos criteriosos, produtivos, na recuperação do nosso tecido produtivo, sucessivamente destruído durante mais de três décadas por PS, PSD e CDS para servirem os interesses do imperialismo germânico, um governo que faça com que o nosso país recupere a sua soberania.