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PAÍS

Nas pegadas de Seguro

I

António José Seguro, o actual secretário-geral do Partido Socialista, reuniu-se, no passado sábado à noite, com alguns dos seus apaniguados, num restaurante da Lourinhã.

Numa terra onde há sessenta milhões de anos pastavam mansamente manadas de dinossauros, não admira que o mais manso dos nossos políticos tenha aparecido para jantar.

No discurso que pronunciou no fim do jantar, à hora da baba de camelo, o brontossaúrio da nossa política disse: "se fosse primeiro-ministro, também teria de adoptar medidas de austeridade".

Esta declaração é muito importante, a mais do que um título.

Tal significa, antes de tudo, para além de tudo e acima de tudo, que a política de Seguro para Portugal é, no essencial, a mesma política de austeridade da Tróica e do governo de traição nacional Coelho/Portas.

Seguro, Coelho e Portas defendem a mesma política de austeridade, que conduz em linha recta à recessão, ao desemprego, à liquidação da economia nacional e ao crescimento do endividamento.

Do mesmo modo que lutam por derrubar o mais urgentemente possível o governo de traição nacional Coelho/Portas, os operários e os comunistas portugueses devem desde já desmascarar e combater a política de Seguro, porque, para derrubar o governo PSD/CDS, é preciso isolar Seguro e a sua política, visto que Seguro e a sua política são o principal aliado do governo Coelho/Portas.

É certo que no jantar no Parque Jurássico, ou seja, na Lourinhã, Seguro, um manso oportunista, não deixou de dizer que, entre a sua política de austeridade e a política de austeridade de Coelho/Portas, haveria mesmo assim uma diferença: “não aumentar a dose e aumentar o tempo dos sacrifícios, para que os portugueses e as empresas possam aliviar as suas contas”.

A coisa resume-se pois nisto: em relação à política de traição nacional do governo PSD/CDS, a política de Seguro é mais do mesmo e durante mais tempo.

Operários e trabalhadores portugueses: devemos lutar pelo derrubamento do governo PSD/CDS e pela instauração de um governo democrático patriótico, mas, como é óbvio, neste governo não cabe nem Seguro nem Sócrates.

Os operários e trabalhadores socialistas são indispensáveis para a formação desse novo governo, mas cabe-lhes desembaraçar-se dos dirigentes oportunistas como Seguro.

II

Do parque jurássico da Lourinhã, Seguro foi chamado a São Bento, residência oficial do primeiro-ministro Passos Coelho, para acerto de pontos de vista sobre o terceiro encontro de prestação de contas à Tróica, a partir de hoje, em Lisboa.

Seguro ocultou à opinião pública e a todos os trabalhadores socialistas quais as negociatas políticas que celebrou em São Bento.

Seguro é um traidor, não só para com o país mas mesmo com relação aos socialistas que o colocaram na direcção do PS.

Esta diplomacia secreta entre Seguro e Passos Coelho deve ser denunciada como a continuação da traição a Portugal e aos portugueses, iniciada com a política de Sócrates e continuada com a assinatura conjunta do memorando da Tróica e com o acordo de João Proença com os patrões, em sede de conselho permanente de concertação social.

Para se libertarem da política terrorista da austeridade, do desemprego e do roubo de trabalho e de salários, todos os trabalhadores portugueses, incluindo os que têm apoiado eleitoralmente o PS, têm de travar um só e mesmo combate, simultaneamente contra Coelho/Portas e contra Seguro.


III

Antes do encontro no salazarento palácio de São Bento, Seguro encontrou-se com um ex-socialfascista que dá pelo nome de Paulo Fidalgo e que é líder de um grupo de trânsfugas do PCP, denominado Renovação Comunista.

Fidalgo e a sua Renovação Comunista, que andam aos caídos da política, agarram-se a Seguro como tábua de salvação para chegarem ao poder, do mesmo passo que, tendo saído do PCP, dão a Seguro um leve odor de esquerda que ele efectivamente não tem.

Fidalgo saiu entusiasmadíssimo da reunião com Seguro: "abriram-se canais de diálogo: a primeira trincheira que tem de ser resolvida é a formação de uma nova maioria de esquerda em Portugal".

Este Fidalgo tem piada: quer uma nova maioria de esquerda em Portugal, com um reaccionário direitista como Seguro; quer uma nova maioria de esquerda com um brontossáurio que, no parque jurássico da Lourinhã, explicou, na antevéspera do encontro com Fidalgo, urbi et orbi, que, se for ou quando for primeiro-ministro, a sua política será a política de austeridade, sem aumentar a dose mas aumentando o tempo!...

Nós, operários e trabalhadores portugueses, podemos vencer a política de ladroagem e de roubo trazida pelo terrorismo da Tróica; mas, para tanto, a luta contra o oportunismo dos Fidalgos e dos Seguros é uma condição absoluta para lograr-se a unidade das nossas fileiras, e poder constituir um governo de esquerda, democrático popular.

 

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