EDITORIAL

Honra ao Camarada Arnaldo Matos!

Hoje, dia 22 de Fevereiro de 2023, passados quatro anos sobre o desaparecimento físico do camarada Arnaldo Matos não faltarão “intelectuais” “sábios” e copistas, comodamente sentados no seu lar a tecerem loas ao “seu querido camarada Arnaldo Matos”.

Mas, a essas leva-as o vento! E Arnaldo Matos também não as quereria, devolvendo-as, certamente, à procedência, como era seu timbre, sempre que desconfiava de elogios ou falsos arrependimentos. Como ele dizia precisava de apoios e de trabalho sério e não de elogios.

Desde a fundação do Partido, a 18 de Setembro de 1970 até ao último dia de vida sempre lutou, das mais variadas maneiras, mas inequivocamente de forma determinada, verdadeira e desassombrada, sem abdicar dos princípios, contra o sistema capitalista, ciente de que a sociedade que se lhe seguirá, será uma sociedade onde os opressores e as classes sociais não têm lugar. Essa foi a bandeira que ergueu e segurou e que o Partido não pode deixar cair! Sustentado na teoria marxista, o camarada, apesar de saber as críticas que lhe faziam os oportunistas, costuma afirmar, “Eu sei que mesmo que não façam nada, o comunismo irá triunfar!”

Hoje, percebemos claramente a razão pela qual o Partido não se ergueu para lutar unido como uma rocha, apesar do seu empenho e trabalho incansável, quer enquanto dirigente, quer como estudioso do marxismo preocupado em explicar cientificamente porque não triunfaram as revoluções russa de 1917 e chinesa de 1949 (Ver as Teses da Urgueiriça), contrapondo essa explicação à teoria reaccionária da burguesia de que o capitalismo é a linha final da “História e das ideologias”. Este é um contributo importantíssimo do camarada para a compreensão da evolução da sociedade e da humanidade, tal como é o documento “A nossa Estratégia é o Marxismo”, só para citar dois.

Foi a falta de unidade, a descrença na revolução de uma grande parte dos dirigentes do Partido que estavam mais preocupados com eles próprios, com a sua figura e a sua projecção e que viam e se serviam das palavras do camarada como uma verdadeira alternativa de que precisavam e gostavam de repetir, tal como repetiam “Isto é tudo um putedo”. Mas, no momento de pôr em prática as ideias, fugiam e fugiram das responsabilidades e do trabalho que se exige a um comunista. Estes nunca alcançarão “os cumes luminosos”. Sabemos onde estão e o que fazem todos!! À espera que outros façam a revolução!

Daí e já nos últimos anos, a impossibilidade da realização da Escola de Quadros João Camacho, a consolidação da organização do Partido nos Açores, depois da realização vitoriosa do seu Congresso, do trabalho junto de operários e trabalhadores do Maçico Central, depois das brigadas Alexandrino de Sousa e da campanha das 35 horas, a organização e dinamização da sede regional, (tudo acções que dirigiu pessoalmente), e da própria realização do I Congresso Extraordinário.

Muitas foram as suas intervenções, dentro e fora do Partido, para o dotar das ferramentas e do saber necessário para o preparar para a luta, para o preparar ideologicamente e sempre viu nesse trabalho uma tarefa necessária e sua de que nunca se queixou e que cumpriu com convicção e persistência.

Hoje, o capitalismo vê nos partidos comunistas o seu inimigo principal e, como tal, vai utilizar todos os meios para a sua destruição. Mas a realidade é dialéctica e, por outro lado, como dizia o camarada “… dentro em breve, qualquer dia, qualquer ano, qualquer dezena de anos, qualquer década, há-de haver qualquer luta entre os imperialismo actuais, porque os imperialismos actuais precisam todos de petróleo e este não dá para todos, precisam todos de matérias primas e as matérias primas não chegam para todos e portanto (…) haverá a guerra inter-imperialista”.

 Ora bem, ela cá está. O que fazer agora? Tal como o camarada também apontou – é transformá-la numa guerra revolucionária, com vista à instauração de um novo modo de produção, começando desde logo pela denúncia desta guerra, do seu carácter de classe, do que a gerou e não aceitar as imposições que os senhores da guerra nos estão a fazer.

Esta não é uma guerra que sirva os interesses do proletariado, por isso este deve recusar-se efectiva e terminantemente a servir de carne para canhão numa guerra que não é sua e que só tem em vista uma nova divisão do mundo em termos territoriais, de riquezas e de exploração. Uma terceira guerra mundial, tal como se está a preparar, não vai terminar por uma “paz verdadeiramente democrática” como nos estão a fazer crer, ainda que possam existir tentativas para apresentar o contrário, mas que não corresponderão senão a meros ganhos de tempo.

O Capitalismo é a Guerra!

Guerra à Guerra inter-imperialista!

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