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Santa Aliança reaccionária contra justa luta dos motoristas!
Viva a justa luta dos motoristas de matérias perigosas !

 

A greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas teve o condão de unir todos os sectores reaccionários da sociedade, desde o PS ao PSD, passando pelo CDS/PP, PCP, BE e Verdes, que exasperam pelo facto de o  Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP)  que encabeça a luta destes trabalhadores não estar a ser manipulado pela CGTP ou pela UGT. 

motoristas

É que, patrões e Estado estão habituados à previsibilidade que o pântano da “concertação social” lhes tem assegurado. Isto é, que as negociações, seja sobre legislação laboral, seja sobre contratação colectiva, seja sobre acordos laborais sectoriais, que envolvam as centrais sindicais do regime - CGTP e UGT -, acabem ou num beco sem saída para os operários e trabalhadores, ou se salde por uma maior diferenciação na distribuição do rendimento, sempre a favor do capital. 

Quando a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) – que representa o patronato – se queixou da “ilegalidade” da greve e exigir que o governo lhe pusesse cobro, estava a evidenciar a surpresa de estar a ser confrontada por ter pela frente um sindicato “sem história”, uma organização sindical diferente daquelas com que está habituada a negociar e com as quais alcança os “acordos” que melhor sirvam os seus interesses e não os dos trabalhadores que supostamente deveriam representar.  

Face às recorrentes traições a que os sindicatos afectos, quer à CGTP, quer à UGT – bem como aos partidos de que são correias de transmissão -, os operários e trabalhadores começam a organizar-se, primeiro em associações e, depois, em sindicatos com uma natureza mais aguerrida, mais resiliente, mais combativa. 

E é precisamente a isso que assistimos no últimos tempos, primeiro com os estivadores, depois com os enfermeiros, agora com o motoristas de transporte de matérias perigosas. Uma ruptura radical com os velhos sindicatos oportunistas e amarelos! E a consciência de que só com luta dura, denodada e prolongada, mas firme e decidida, poderão levar operários e trabalhadores a vitórias sobre o capital. 

Voltando à greve e à luta dos motoristas de transporte de matérias perigosas, o que operários e trabalhadores devem, uma vez mais, reter, é a santa aliança que se estabeleceu entre todos os partidos do chamado arco parlamentar – mas não só – verberando a luta destes trabalhadores, com argumentos reaccionários e fascistas que valorizam os “enormes prejuízos para a economia” , ao mesmo tempo que menorizam as aberrantes e injustas condições de trabalho, de segurança, de salário e de dignidade a que estes estão sujeitos. 

Tal como já havia acontecido durante a greve cirúrgica dos enfermeiros e a dos estivadores, em que emergiram na luta estruturas sindicais que haviam rompido com sindicatos da CGTP, assiste-se agora, e uma vez mais, a uma campanha – sobretudo protagonizada pelos cães de fila do governo reaccionário de Costa e do PS – a questionar os trabalhadores sobre o que motiva a sua luta actual, já que durante o governo de coligação entre a direita e a extrema-direita de PSD e CDS/PP, não haviam exibido qualquer indignação. 

Estes trogloditas reaccionários tentam escamotear precisamente o facto de que essa indignação e revolta não se fez sentir naquele período de ocupação vergonhosa do país pela tróica germano-imperialista, porque estes sindicatos ainda não existiam ou tinham formação recente – o SNMM, por exemplo, foi fundado em 8 de Novembro de 2018 - e, portanto, as “lutas” eram dirigidas, precisamente, pelos sindicatos e organizações sindicais com os quais estes agora entram em ruptura. 

Os trabalhadores organizados em torno do SNMMP, tal como todos os operários e trabalhadores dos outros sectores, não se deixaram intimidar pela medida fascista, reaccionária, fura greves, da requisição cívil e dos serviços mínimos impostos pelo governo de António Costa. A sua unidade e resiliência impuseram uma alteração da posição arrogante e fascista da confederação patronal – a Antram – que se recusava a sentar à mesa das negociações e a admitir a carreira de motorista de materiais perigosos. 

Negociações com outros sectores dos transportes, protagonizados pela FECTRANS, afecta à CGTP, demoraram mais de uma década e sem os resultados que os trabalhadores exigiam, tendo o próprio representante do governo reconhecido que muitas entidades patronais não cumprem, nos dias de hoje, os termos do acordo colectivo de trabalho alcançado então – situação de que os sindicatos e a FECTRANS são igualmente responsáveis por não a terem firmemente denunciado, nem manifestado qualquer reacção de luta para se lhe opor. 

Um pequeno mas combativo sindicato, que se apoia e merece o reconhecimento de liderança por parte dos seus associados, consegue impor um rápido início das negociações e uma garantia por parte do governo de que o desfecho das mesmas terá de ocorrer até ao final do corrente ano. 

Em nosso entender, o SNMMP deve levar a cabo rapidamente um Plenário de trabalhadores, não só para fazer um balanço da luta, como para discutir novas formas de luta que impeçam que patrões e governo levem a cabo campanhas de desmobilização, divisão, fragmentação e fragilização da sua luta. 

Com unidade, com organização, com a vontade férrea que lhes é ditada pela justeza das suas reivindicações, os motoristas VENCERÃO 

Actualizado a 18ABR19                                                                                         LJ