Partido
- Publicado em 25.02.2019
UMA COMOVENTE CERIMÓNIA DE DESPEDIDA DO
CAMARADA ARNALDO MATOS
Num ambiente de grande unidade e simultaneamente de intensa emoção, decorreu hoje, pelas 13H00, uma cerimónia de despedida do camarada Arnaldo Matos, antes de se iniciar o cortejo fúnebre para o cemitério dos Olivais.
Cerca de duas centenas de operários, trabalhadores, estudantes, intelectuais mulheres, compareceram na sede para participarem nesta cerimónia, muitos deles deslocando-se directamente de vários pontos do país – entre outros da Madeira, Açores, Porto, Faro, Portimão, Beja, Grândola, Mora, Amareleja - logo que receberam a terrível notícia da morte do Fundador do Partido e da hora da realização do funeral.
Entre outros, também Manuel Alegre, Colega do camarada Arnaldo Matos na Universidade de Coimbra e no serviço militar, fez questão de vir à sede manifestar o seu pesar pela morte de um grande companheiro que ao longo da vida nunca deixou de estimar e com ele se relacionar.
Na cerimónia que na sede precedeu a saída do funeral para o cemitério, começaram por tomar a palavra o General Ramalho Eanes e Vítor Ramalho, a seguir à Filha de Arnaldo Matos que recitou de forma sentida dois poemas, de Herberto Helder e Carlos Oliveira.
O General Ramalho Eanes fez uma expressiva, elevada e sentida evocação do convívio e relacionamento com o camarada Arnaldo Matos no período de 30 meses em que decorreu a missão militar em Macau e no norte de Moçambique, na companhia de caçadores especiais que ambos integraram, começando por salientar que foi a passagem e estada em Macau que permitiu ao “Alferes Matos, o meu melhor alferes” estabelecer um contacto próximo com a experiência da revolução chinesa e o maoismo, através da compra dos livros do Partido Comunista da China sobre aquela revolução.
Ramalho Eanes enalteceu ainda a inteligência e cultura do camarada, a sua lealdade e frontalidade e a firmeza das ideias e o facto de ter sido um lutador que passou as suas ideias à acção, revelando que a amizade entre ambos perdurou mesmo após o regresso a Portugal, intensificando-se os contactos após o 25 de Abril, e confidenciando que Arnaldo Matos lhe telefonava algumas vezes para a Presidência a invectivá-lo sobre algumas das suas decisões.
Já Vítor Ramalho transmitiu o seu profundo pesar pela perda de um grande amigo que conhecera na Faculdade de Direito em 1967 e com quem então participou em todas as principais batalhas estudantis de luta contra a ditadura fascista, integrando também a lista Ao Trabalho, encabeçada pelo camarada Arnaldo Matos, que veio a vencer em 1969 as eleições para a direcção da Associação Académica.
A amizade pessoal e relações de camaradagem reforçaram-se com o apoio prestado por Vítor Ramalho a Arnaldo Matos em vários momentos da clandestinidade, acolhendo-o em sua casa e ao seu Filho Arnaldo, que viria a ser atropelado mortalmente aos 10 anos de idade.
A encerrar a sessão, interveio o camarada Carlos Paisana, em nome do Comité Central, começando por dirigir sentimentos de condolências e solidariedade à Família do camarada Arnaldo Matos.
Reconhecendo que falar sobre um Homem da envergadura intelectual e política como a do camarada Arnaldo Matos era das tarefas mais difíceis e imerecidas de que tinha sido incumbido, referiu-se a ele dizendo que á sua firmeza, tenacidade, rapidez de raciocínio, inteligência superior, capacidade excepcional de direcção e comando, conhecimento profundo das características dos que dirigia e em geral dos seus interlocutores, erudição e assombrosa cultura em todos os domínios, inflexível na exigência de rigor e perfeição na execução das tarefas, a tudo isto o camarada Arnaldo Matos somou o facto de ter sido um infatigável e fervoroso combatente marxista que dedicou toda a sua vida e colocou permanentemente o seu pensamento ao serviço da classe operária e da luta pela revolução comunista e por uma sociedade sem classes, uma sociedade de iguais.
Depois de examinar as principais fases do percurso político revolucionário do camarada Arnaldo Matos, desde a frequência da Faculdade de Direito de Coimbra, à fundação do MRPP em 1970, passando pela tropa e pela Faculdade de Direito de Lisboa, o camarada Carlos Paisana fez ver que a morte do camarada Arnaldo Matos, como sucede com todos os grandes revolucionários numa sociedade em que há classes e luta de classes, será certamente festejada pelos capitalistas, fascistas, revisionistas e toda a espécie de reaccionários, mas constitui uma perda irreparável e um enorme vazio para os explorados e oprimidos e para o proletariado revolucionário e os marxistas.
Numa grande manifestação de pesar, mas também de determinação de prosseguir o combate em que o camarada Arnaldo Matos se empenhou e pelo qual deu toda a sua vida, foi cantada a Internacional à saída da urna.
24FEV19 A Redacção