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 De Como o Governo Regional se Propõe 

Despachar os Retornados Venezuelanos 


Arnaldo Matos

Nos termos do último censo demográfico, de 2011, a população residente na Região Autónoma da Madeira era de 267.785 pessoas. Por seu turno, o número de madeirenses e seus descendentes directos imigrados na Venezuela ronda hoje os 400.000 indivíduos, homens e mulheres. Há assim mais cidadãos portugueses madeirenses na Venezuela do que na Madeira e no Porto Santo.

A República Bolivariana da Venezuela, vítima do bloqueio económico do imperialismo norte-americano e dos seus lacaios, vive numa situação política, económica, financeira e social extremamente difícil. Na Pátria de Simão Bolívar, os imigrantes oriundos da Região Autónoma da Madeira integram uma classe média de pequenos e médios capitalistas comerciantes, e uma vasta camada de operários, camponeses e trabalhadores pobres.

A crise política, económica, financeira e social por que tem passado a Venezuela desencadeou um movimento de regresso dos emigrantes madeirenses à sua região de origem, que é certamente responsável pela maior parte do aumento dos 22.774 homens e mulheres na população do arquipélago entre os censos de 2001 e de 2011.

Ao contrário do que sucedeu na África do Sul no tempo da luta contra o apartheid, em que as autoridades portuguesas e madeirenses tomaram o partido dos racistas brancos e colocaram o forte contingente de emigrantes madeirenses a reboque da política dos racistas e iam pagando muito cara a aventura, na Venezuela os governos de Portugal e da Região Autónoma da Madeira mantiveram sempre uma atitude de compreensão para com os governos bolivarianos de Chávez e Maduro, se bem que um sector não despiciendo do grande comércio madeirense das Caraíbas tenha sustentado com o seu dinheiro as forças reaccionárias do imperialismo na Venezuela.

A crise política, económica e social na República Bolivariana ameaça agravar-se cada vez mais, à medida que o tempo vai passando.

Está cada vez mais iminente um regresso maciço dos nossos emigrantes da Venezuela à sua região de origem ou da origem de seus pais.

Nem o governo da República nem o governo da Região traçaram até agora um plano para receber de volta ao arquipélago os madeirenses, porto-santenses e descendentes directos imigrados na Venezuela. Como os macacos da fábula nipónica fecharam os olhos, cerraram a boca, taparam os ouvidos e apertaram o nariz. E os imigrantes madeirenses na Venezuela foram vindo cada vez em maior número.

Com relação aos nossos emigrantes, portuguese em geral e madeirenses em particular, a nossa política de comunistas é a de que podem e devem sempre regressar à Pátria, quando quiserem. E devem aqui ser recebidos sempre com alegria e respeito, pois são portugueses de primeira, como os cidadãos que nunca emigraram. Quando regressem, os nossos emigrantes trazem decerto uma boca para comer, mas com certeza e também dois braços para trabalhar.

Perante a crise política, económica e social por que passa a Venezuela, o governo da República e o governo da Região devem preparar o país e o arquipélago para receber grandes contingentes de emigrantes da Venezuela, não apenas da Madeira, mas também do Algarve e de Aveiro, distritos que estão na origem dos emigrantes portugueses para o país de Bolívar.

O governo da República e o governo Regional devem promover a equivalência entre as escolaridades venezuelana e a portuguesa a fim de pôr os emigrantes retornados ao mesmo nível dos cidadãos portugueses residentes; e devem definir e organizar linhas de crédito bancário para promoverem o ingresso dos regressados nos diversos sectores da produção económica nacional.

Trata-se, no fundo, de colocar todos os emigrantes regressados no acesso ao mesmo nível de oportunidades dos cidadãos portugueses residentes.

O que não se compreende é que o governo de Miguel Albuquerque tenha posto a sua secretária regional de inclusão e assuntos sociais a colaborar com a exportação barata dos emigrantes retornados para o Continente, procedendo à venda de mão de obra emigrante aos preços mais baratos e sem direitos sociais, tudo para favorecer os capitalistas da Região e do Rectângulo.

O auditório do Instituto Regional do Emprego da Madeira, sob a direcção da Secretária da Inclusão e dos Assuntos Sociais funcionam agora na qualidade de agentes das empresas Manpower, a propor aos emigrantes regressados trabalhos agrícolas no Alentejo.

Miguel Albuquerque e o governo regional querem ver-se livres a todo o custo da massa dos emigrantes madeirenses retornados, como se estes já não fossem madeirenses e andassem por aí a empatar-nos a vida.

No fundo, o governo regional de Albuquerque apressa-se a garantir aos emigrantes regressados da Venezuela salários agrícolas da empresa de Vale da Rosa em Ferreira do Alentejo, abaixo dos salários ali praticados, com viagens baratas de barco para Portimão, que ainda não existem, e rendas de casa que nem em palheiros se cobram, só para ver-se livre dos emigrantes que estão a regressar e grandes quantidades.

E sem terem presente que, para emigrantes regressados da Venezuela, o continente português é um espaço que não conta nem para eles realmente existe. Seria bom que Miguel explicasse se o emigrante reexportado para Ferreira do Alentejo pode ou não levar consigo a mulher, os filhos, a família.

A política do governo regional de Albuquerque e da sua secretária da inclusão é pura e simplesmente a feia política anti-solidária de tentar reexportar para o Rectângulo os problemas da Madeira. É a negação da Autonomia

Esta política está condenada ao fracasso. E os emigrantes que hão-de regressar da Venezuela, e têm todo o direito de o fazer, vão, nas próximas eleições de Outubro de 2019, dar uma lição definitiva a políticos sem escrúpulos como Miguel de Albuquerque

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