Partido

Vinte Questões na Edificação do Partido

XI

A QUESTÃO DAS FINANÇAS DO PARTIDO

As finanças do Partido na Organização Regional do Norte caracterizam-se por uma notável anarquia – um pouco, aliás, à semelhança do que acontece por toda a parte.

As células, comités e organismos não prestam contas a ninguém acerca das receitas que arrecadam ou das despesas que efectuam; não existe nenhum orçamento de receitas e despesas, nem nenhuma contabilidade daquelas que já se realizaram.

A maior parte das células, comités e organismos não presta contas das quotas, a maior parte dos militantes não as paga e a maior parte dos que as pagam auto-fixaram--se quotas ridiculamente baixas, revelando uma consciência de partido próxima do limite zero.

A revisão geral das quotas, que o Congresso aprovou ao adoptar as teses Sobre a Imprensa do Partido, não foi efectivada e os processos usados na reunião do Comité Regional do Norte, a que assisti, foram os já esperados processos burocráticos e dogmáticos, que o traidor Crespo generalizara na Região, e que, como a experiência mostra, não só não resolvem o assunto como o agravam continuamente.

A pandilha do renegado Crespo cumulou de dívidas o nosso Partido no Norte, não poupando nem os quadros nem as massas, nem os pequenos comerciantes e industriais. Neste capítulo, a imagem do nosso Partido é a pior que se pode imaginar.

Sucede que, em sete meses, não se fez ainda um levantamento das dívidas do Partido, nem se elaborou um plano para as ir amortizando; mas, em compensação, realizaram-se novas dívidas, que também não se sabe quando serão pagas nem como.

É, em certa medida, porque repudiam frontalmente esta anarquia contabilística e financeira, susceptível de propiciar toda a espécie de desvios, de desfalques, sonegações e malbaratações dos fundos do Partido e dos dinheiros do povo, que os quadros se esquivam a fixar voluntariamente quotas justas e que as massas se eximem a contribuir voluntariamente com o volume de fundos indispensável à nossa acção.

Naturalmente, a exiguidade dos fundos do Partido resulta, em parte, de que o povo é pobre, mas resulta fundamentalmente de que o nosso trabalho político não é ainda bom e não obtém, portanto, ainda um incondicional, entusiástico e caloroso apoio popular.

Mas, depois desses aspectos principais, resulta de que é péssima a nossa administração dos dinheiros do povo e dos fundos do Partido e inadmissível a nossa política de anarquia financeira.

Os nossos dirigentes regionais e distritais não compreendem o problema político das quotas, o que equivale a dizer que não entendem uma única linha do artigo primeiro dos nosso Estatutos, nem uma única palavra de todo os Estatutos e que, em consequência, não sabem também o que é um partido comunista.

Se os nossos responsáveis regionais e distritais compreendessem essas coisas elementares e fundamentais, intensificariam a educação política e ideológica dos quadros na concepção comunista de partido e no espírito comunista de partido, e fariam do problema das quotas, não um medonho quebra-cabeças económico-financeiro-contabilístico, mas uma poderosa alavanca no reforço da consciência política e ideológica dos nossos quadros.

Todas a células e comités do Partido devem prestar mensalmente contas das suas receitas e despesas aos organismos imediatamente superiores do Partido; e cada uma das células, dos comités e organismos tem de contribuir com a sua quota-parte para as despesas do Partido no distrito, na Região e em todo o País.

Sem introduzir esse necessário saneamento político financeiro, sem rectificar os erros e desvios na fixação das quotas, no orçamento das receitas, na previsão das despesas, na recolha de fundos e na prestação de contas aos competentes organismos do Partido, é toda a concepção de partido que está a ser aviltada e degradada, é o espírito de partido que está a ser rebaixado e é a unidade de vontade e de direcção que está a ser aniquilada.

Os dirigentes têm de começar a dar o exemplo, introduzindo nos seus organismos, nas células que directamente dirigem, esse respeito escrupuloso pelos dinheiros, fundos e4 contas do Partido.

A falta de planificação e previsão das despesas e receitas, bem como da amortização rápida e firme das dívidas contraídas, lança uma grande confusão em todas as células, comités e organismo do Partido e nos seus responsáveis, porque eles nunca sabem antecipadamente como devem organizar e dirigir o seu trabalho económico nas células, o que desencoraja e desmobiliza para essa e para todas as demais actividades.

Para explorar e oprimir o povo, a pandilha do Crespo usava todos esses métodos errados, estranhos ao proletariado e aos comunistas. Evidentemente, os nossos responsáveis devem afastar-se da via trilhada pelo bando do traidor Crespo.

Se os nossos responsáveis regionais e todos os secretários de células, comités e organismo persistirem na aplicação dos princípios e dos métodos propugnados, certamente poderão aumentar o número de quadros profissionais e multiplicar em todos os campos a actividade revolucionária do Partido, solucionando, assim, correcta e oportunamente a décima primeira das questões com que se debatem.