CampanhaFundos202206

IBAN PT50003502020003702663054   NIB 003502020003702663054

Partido

Os Liquidadores Alistaram-se como Lacaios da Cofina

A família Garcia Pereira, as duas sandrinhas, Domingos Bulhão e o Alberto da Damaia alistaram-se como lacaios ao serviço da Cofina. A de Odivelas já se tinha alistado há muito tempo, arrastando o pateta do marido para as páginas das revistas cor-de-rosa do Grupo, com a ideia de o transformar num socialite de calças do tipo Lili Caneças. Para quem não conhece o grupo mediático onde esta canalha acaba de assentar praça, cumprir-me-á esclarecer que a Cofina é a maior sociedade de gestão de participações sociais (holding) de títulos de imprensa da direita fascista em Portugal, proprietária de cinco jornais (Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios, Destak e Metro), de cinco revistas (Flash!, TVGuia, Máxima, Vogue e Sábado) e de um canal de televisão, o CMTV, além de participações menores dispersas por outros órgãos ditos de comunicação social, como o Expresso e a TVI.

Desde que resolvi denunciar os patifes que encabeçam a corrente pequeno-burguesa reaccionária dos liquidadores, já recebi – e recusei liminarmente – onze convites de diferentes órgãos da dita comunicação social para entrevistas, incluindo cinco convites do Grupo Cofina, três da Sábado.

Ora, precisamente a Sábado da semana passada concedeu à família Garcia Pereira, Domingos Bulhão, à sobrinha Sandra Raimundo e ao desgraçado Alberto da Damaia a capa da revista e sete folhas profusamente ilustradas, onde a canalha pôde vomitar com avonde o seu ódio aos comunistas, à classe operária, ao PCTP/MRPP e à revolução portuguesa.

Quanto aos familiares de Garcia Pereira, que não são nem nunca foram militantes do PCTP/MRPP e nada têm a ver com o comunismo e com o movimento operário, cabe-me unicamente agradecer-lhes os insultos e calúnias que acharam dever bolçar sobre a minha pessoa, usando para local do vómito as páginas de uma revista fascista, controlada pelos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) – a nova Pide, nem menos – e um conhecido informador dessa polícia, encapotado de jornalista, o bufo Fernando Esteves, que também me pretendeu entrevistar e a quem mandei à merda, mandando também explicar--lhe que não falo com bufos da Pide.

Centro-me apenas em dois comentários, com relação às declarações do Domingos Bulhão e do triste Alberto da Damaia.

Domingos Bulhão era membro do comité permanente do comité central do Partido, responsável pelas contas, e desapareceu levando o dinheiro e os documentos do Partido, criando uma situação extremamente perigosa para a existência legal do PCTP/MRPP.

O Partido seguiu Bulhão até ao sítio onde ele se encontrou com o pide Fernando Esteves, no Centro Comercial Colombo, em Benfica. Domingos Bulhão saberá muito bem porque deveu encontrar-se com o pide clandestinamente. Em devido tempo, falaremos do caso, porque estamos a averiguar se Garcia Pereira, amigo íntimo de Bulhão, conhecia ou não estes encontros que já vêm de antes da sua suspensão do comité permanente do comité central.

No Centro Colombo, em encontro clandestino, Bulhão disse ao bufo Fernando Esteves que eu humilhara e enxovalhara Garcia Pereira, com uma carta que lhe enviei quando Garcia Pereira se preparava para abandonar as tarefas do Partido, fugindo para férias.

No meu modo de ver, não há nada de humilhante nem de enxovalhante na minha carta de 28.07.2015 a Garcia Pereira. Não passa de uma carta a um camarada sobre algumas divergências na preparação da campanha eleitoral, que estava realmente em perigo. E foi assim que ele, Garcia Pereira, a entendeu. Publico de seguida a minha carta a Garcia Pereira e a resposta de Garcia Pereira à minha carta, já que o pide Fernando Esteves, que com certeza terá as duas em seu poder, fornecidas por Bulhão, procurou manipular o caso.


Carta a Garcia pereira, de 28.07.2015

Caro Garcia Pereira,

Quando saíste ontem do meu escritório, já pela uma e meia da tarde, pareceu--me ter-te ouvido resmungar entre dentes qualquer coisa como cansaço e férias. O cansaço é legítimo e faz bem à saúde. Porém, se tu e os teus amigos do comité central pensam ir de férias antes de constituírem as listas dos vinte e dois círculos eleitorais e de as apresentarem ao país, isso significa ruptura total e definitiva comigo.

É preciso ter um descaramento inaudito para que tu e os teus amigos do comité central, depois de terem todos e em doses várias sabotado as eleições regionais do Partido na Madeira, venham agora sabotar também as eleições legislativas nacionais, fugindo para férias.

No comité central de um partido comunista não há lugar a férias; há mas é tarefas políticas a cumprir em nome da classe operária e do povo, nos tempos apropriados.

Férias foi o que tu e os teus amigos do comité central tiveram até agora, nos quatro meses que se escoaram desde as eleições regionais, tendo mais que tempo suficiente para elaborarem as vinte e duas listas eleitorais do Partido e não as elaboraram.

Chamei a tua atenção e a dos teus amigos do comité central para a extrema e urgente necessidade de procederem à análise das eleições regionais da Madeira e assumirem as vossas responsabilidades no caso.

A questão é aliás muito simples: tu e os teus amigos do comité central sabotaram, em doses várias, a actividade do Partido nas eleições regionais, mas a verdade é que nunca assumiram essa responsabilidade.

Agora estão a fazer a mesma coisa com estas eleições, chegando ao ponto de pôr as vossas comodidades reaccionárias pequeno-burguesas à frente dos interesses do Partido, abalando para férias antes de realizarem as tarefas.

Fica já claro: devem marcar uma data para apresentar todas as listas ao País e essa data não deve ultrapassar o dia 15 de Agosto.

Devem também definir os critérios políticos que haverão de presidir à formação das listas, pois não conheço nenhuma directiva do Partido sobre a matéria.

Anuncio desde já aquilo que entendo deverem ser esses critérios, que são aliás idênticos aos critérios propostos para a elaboração da lista regional da Madeira, muito embora tais critérios tenham sido sabotados na Região.

Os critérios são estes:

1. No conjunto das vinte e duas listas, metade dos candidatos efectivos e suplentes, no mínimo, devem ser operários e operárias.
2. Entre um terço e metade ou mais dos candidatos efectivos e suplentes devem ser mulheres de todas as idades.
3. Cerca de um terço dos candidatos efectivos e suplentes, ou até um pouco mais, deve ser constituído por independentes.
4. Metade das listas deve ser encabeçada por mulheres.
5. Até um terço das listas, devem ser encabeçadas por jovens (homens e mulheres).
6. Se possível, as listas de Setúbal, Porto e Coimbra devem ser encabeçadas por mulheres.
7. Deve haver um forte contingente de desempregados no conjunto dos candidatos efectivos e suplentes.
8. Seria bom ter trabalhadores das maiores empresas portuguesas nas listas.
9. Devemos lutar por ter emigrantes nas listas da Europa e Resto do Mundo.

Os membros do Comité Central deveriam saber mobilizar as suas famílias para os ajudarem a cumprir as suas tarefas. Se não conseguirem, então é melhor que mandem as mulheres e os maridos para férias sozinhos e para longe, de modo a não atrapalharem as tarefas eleitorais, que aliás já deveriam estar cumpridas e não estão.

Cancelo à minha projectada ida contigo à Base Aérea do Montijo, de maneira a que não te desvies das tuas tarefas essenciais.

Não aceito discutir o conteúdo desta carta nem contigo nem com ninguém.

Dá-la-ei a conhecer aos outros membros do Comité Central e aos redactores do Luta Popular.

Esqueçam as férias! Apresentem as Listas! Até ao dia 15 de Agosto! Em todos os Círculos!

Mais duas observações:

a) Sei que alguém propôs que o comité central aprovasse a retirada do Camarada Preguiça da chefia da lista de Beja. Acho que o comité central virou agora um bando de provocadores.

O Camarada Preguiça luta, há mais de quarenta anos, sozinho e sem medo contra os provocadores social-fascistas, numa das áreas em que esse bando de reaccionários está mais fortemente implantado.

O Camarada Preguiça foi várias vezes espancado por essa canalha, mas nunca deixou cair das mãos a bandeira vermelha do Partido. Preferia ter dois Preguiças no Comité Central a ter-te a ti e aos teus amigos todos nesse lugar.

O Camarada Preguiça, por iniciativa própria, pôs-se à frente do seu macho numa caminhada histórica até Lisboa, para exigir a demissão do Cavaco.

O Camarada Preguiça é um camponês pobre que se tornou num herói do povo alentejano.

Agora está velho e também tem e sempre teve muitos defeitos. O certo, porém, é que esse comité central de pequeno-burgueses não ensinou nada ao Camarada Preguiça, desde o tempo em que eu deixei de fazer parte do comité central.

Sei também que houve um idiota do Comité Central que queria impingir um telemóvel ao Camarada Preguiça e que este, muito justamente o rejeitou, por facilmente lobrigar que o telemóvel seria um instrumento para lhe dar ordens à distância.

Há no teu comité central um conjunto de indivíduos que quer fazer do órgão supremo da direcção do Partido entre congressos uma espécie de call-center. Em vez de irem a Pias, regularmente, ensinar a política do Partido ao Preguiça, pretendem comandá-lo por telefone.

Será que tu e os teus amigos do comité central não tem vergonha dessas coisas?

Não se atrevam a correr com o Preguiça, nem a tirá-lo da cabeça de lista de Beja. Eu sairei também para ficar do lado dele.

b) Passados quatro meses desde as eleições da Madeira, e já no fim desse tempo, foi alguém à região, para falar apenas com quatro pessoas das mais de cem que o Partido abandonou.

Não há dúvida, fazes parte de um grande comité central. Já agora, em vez de impores a tua cabeça de lista da Madeira, a camarada Fernanda, porque não perguntas-te aos quatro camaradas com quem reuniste e aos outros com quem dizes ter falado qual era a proposta deles para cabeça de lista.

28.07.2015 

Arnaldo Matos 

Resposta de Garcia pereira, na mesma data

Data: Tue, 28 Jul 2015 15:33:53 +0000
De: António Pereira <mailgpEste endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.;
Assunto: RE: Eleições Legislativas
Para: mailam
Caro Camarada,

Sinto-me pessoalmente esmagado por todas estas críticas que me fazes quer directamente quer enquanto membro do Comité Central, e que sinto e sei que são justas e visam defender o Partido e a causa da Revolução face a condutas e pontos de vista reaccionários e pequeno-burgueses como aqueles que adoptei.

Não quero, não posso nem devo discutir o conteúdo desta tua carta. Quero apenas dizer-te que me vou empenhar com todas as minhas forças para inverter a minha atitude e o rumo das coisas que ela estava a impor.

Forte Abraço, 

António Garcia Pereira


Como o leitor pode verificar, Garcia Pereira não entendeu a minha carta como humilhante ou enxovalhante, pois não só concordou com a substância dela, como tudo fez – e conseguiu – que o comité central apresentasse as listas do Partido ainda antes da data de 15 de Agosto.

Bulhão queixa-se ainda, na revista da Cofina e dos SIED, de que eu o teria obrigado a vir de Almada a Lisboa, às sete da manhã, para me levar no seu carro ao meu local de trabalho. Bulhão é um aldrabão mentiroso.

No decurso dos últimos três anos, em que tenho trabalhado exclusivamente para o Partido, e gasto nele meu dinheiro, o comité central, atendendo a que eu não tenho carro nem carta de condução, decidiu mandar buscar-me a casa todos os dias, pela manhã, e pôr--me em casa, todos os dias, à noite, a fim de evitar que eu andasse sozinho pelas ruas da cidade. Para esse efeito, não era eu que escolhia nem o carro nem o condutor.

Um dia, quando saio de casa, está o Bulhão à minha porta, para me levar ao local de trabalho. Fui eu mesmo que o critiquei severamente, por ter feito uma viagem tão longa, tão cara e tão cansativa, de Almada a Lisboa, para me levar ao trabalho a tão curta distância de casa. Eu mesmo lhe referi que o Garcia Pereira, que vive na mesma rua do que eu, a oitocentos metros de distância, podia ter feito o meu transporte. Claro, teria que se levantar às 06H30 da manhã, mas isso é já outra história.

É mais do que claro que Bulhão, na sua conversa secreta com o pide Fernando Esteves, altera propositadamente estes factos simples, apenas para fabricar contra mim um insulto pessoal porque ele sabe, melhor do que ninguém, que eu não sou tido nem achado nesse estúpido episódio do transporte.

Mas para os oportunistas as coisas são assim: quando não há nada para atirar contra um adversário, inventa-se…

Quanto ao Alberto da Damaia – que também se encontrou em segredo com o pide Esteves – não tem nada de politicamente contra mim, excepto uma questão muito séria: foi destacado pelo comité central para meu motorista pessoal e eu vi-me forçado a devolvê-lo ao comité central, por três motivos: primeiro porque era péssimo condutor, segundo porque não sabia conduzir de noite e terceiro porque, apesar de estar avisado de que nem ele nem eu beberíamos nunca nenhuma bebida alcoólica em trabalho, mesmo que só trabalho político, foi apanhado a beber num churrasco em Felgueiras às minhas escondidas.

Ora, não sei se o homem estava bêbado quando se encontrou com o pide, mas a verdade é que nunca usei nenhum Mercedes ao serviço político do Partido, pois as instruções que eu dava eram sempre no sentido de um carro de preço e segurança médios.

Devo aqui lembrar apenas que tenho hoje o mesmo pequeno andar onde vivo há cinquenta anos, onde me morreram a minha mulher e um dos meus filhos, não tenho carro e nunca vivi do dinheiro do Partido, mesmo nos quatro anos de clandestinidade.

Gostei muito de ser atacado por vós: com mentiras, insultos e calúnias, numa revista de extrema-direita, em parte propriedade dos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa e com um jornalista da secreta.

09.12.2015

Arnaldo Matos


Leia aqui mais artigos deste suplemento 




Partilhar

Adicionar comentário


Código de segurança
Actualizar

Está em... Home PARTIDO Liquidar o Liquidacionismo Os Liquidadores Alistaram-se como Lacaios da Cofina