Partido

Carta a António Teixeira, em Felgueiras

O camarada António Gomes Teixeira, de 56 anos de idade, é um operário sapateiro trabalhando ao domicílio, na freguesia de Penacova, concelho de Felgueiras, precisamente na localidade onde está situada a sede da fábrica da Jóia – Calçado SA, a empresa de produção de sapatos visitada pelo traidor Garcia Pereira, em 20 de Maio de 2011, durante a campanha eleitoral para a Assembleia da República e a que se reporta a denúncia da operária Sandra, publicada ontem neste jornal, na última coluna da primeira página, sob o título Garcia Pereira Vende-se por um Par de Sapatos…

Logo que recebemos a denúncia de Sandra sobre a conduta vil e crapulosa de Garcia Pereira, pusemo-nos em campo para confirmar a sua veracidade. E uma das pessoas com quem a confirmámos foi precisamente com o camarada António Gomes Teixeira, que comprovou, linha por linha, a denúncia, incluindo o facto de se ter dirigido ao patrão da fábrica para protestar pela oferta do par de sapatos ao traidor Garcia Pereira, dizendo-lhe, alto e bom som, que não era Garcia Pereira mas os operários quem precisava de sapatos.

Publicámos esta tarde um vídeo da visita, que em nada se opõe, antes confirma, a integridade da denúncia de Sandra, vídeo onde Teixeira aparece à esquerda do traidor Garcia Pereira…

Hoje de manhã, cerca das 06H30, recebemos na redacção um e-mail do camarada António Gomes Teixeira, que a seguir transcrevemos na íntegra:

Caros camaradas

Lamentavelmente tenho lido as noticias inclusive esta última do dia 11.05.2016.

Neste momento acredito que o PCTP/MRPP esteja a passar por dificuldades. O partido precisa é de reconquistar ex-militantes e recrutar novos militantes para as fileiras do partido e dos operários. Não é com politiquices e histórias que não são importantes para o desenvolvimento da luta dos trabalhadores. Enquanto passam o tempo a discutir problemas pessoais de cada um, o tempo passa e os nossos adversários só podem é rir-se e o objetivo a que o partido se propõe e representa pelos trabalhadores continua na gaveta.”

Como se vê, Teixeira não nega a veracidade da denúncia de Sandra, não nega que se tenha oposto publicamente, alto e bom som, contra a aceitação do par de sapatos por Garcia Pereira, nem nega que essa aceitação constituiu um acto de traição ao Partido, ao proletariado e à revolução, bem como uma humilhação para o nosso Partido e para os 137 operários na ocasião a trabalhar na fábrica Jóia – Calçado SA.

O que Teixeira acha é que tudo isto são politiquices e histórias, que não são importantes para o desenvolvimento da luta dos trabalhadores.

Mas é justamente aí que Teixeira se engana redondamente.

O que está presentemente em causa no nosso Partido é uma cerrada luta contra o liquidacionismo, corrente pequeno-burguesa reaccionária, encabeçada por anticomunistas primários e traidores como Garcia Pereira, para construir um partido comunista operário marxista-leninista.

Ora, um tal partido não se pode construir com oportunistas e traidores como Garcia Pereira, mas precisamente contra eles.

Um dirigente político do proletariado não aceita ofertas dos capitalistas, tanto mais quando sabe que são o produto da exploração dos trabalhadores e que o patrão pretende humilha-los com a oferta.

Não é por acaso que ainda hoje – e já passaram cinco anos – os operários de Felgueiras verberam o gesto traidor e cobarde do Garcia Pereira, como muito bem sabe António Teixeira e fez questão de nos alertar.

E não é também uma politiquice secundária o discurso de traição proferido pelo anticomunista primário Garcia Pereira à saída da fábrica… No fundo, Garcia Pereira defende os interesses não do proletariado português, mas do capitalismo e da burguesia compradora nacional: quanto mais intensa for a exploração do operário, mais desenvolvida será a economia do país, pensa ele e di-lo. Mas isso nada tem que ver com a teoria, a ideologia e a política dos comunistas…

Garcia Pereira foi visitar uma fábrica de calçado onde o proletariado é dos mais explorados do mundo, e declarou que era esse sistema de exploração que ele queria ver mais generalizado em todo o país…

Traidores como Garcia Pereira e cúmplices como António Teixeira é que metem os objectivos do proletariado na gaveta.

O Partido tem que limpar-se desses liquidacionistas e lutar pela edificação de um partido comunista proletário.

Teixeira sabe que o grupelho de traidores anticomunistas de Garcia Pereira tem andado, de mão dada com as secretas portuguesas e a soldo do imperialismo francês, a atacar o fundador do Partido, acusando-o injustamente de grande amigo do Daesh, mas ninguém ouviu da parte de Teixeira uma palavra de apoio ao fundador do Partido e de repúdio pelos traidores, o mesmo Teixeira que veio agora defender o traidor Garcia Pereira, minimizando a traição a que ele próprio assistiu com a provocatória oferta do par de sapatos, e a que então firmemente se opôs!

Teixeira, se não se corrige rápida e definitivamente, tornar-se-á no desgosto dos operários de Felgueiras.

O Director

13.05.2016