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Partido

Manifesto do Partido Comunista 

Notas de Estudo

VII

 A experiência política do movimento cartista inglês reflecte-se no Manifesto do Partido Comunista?

__ * __

Sim e a vários títulos.

Ao longo da década de 30 do século XIX, cresce na classe operária inglesa o seu interesse pelas acções políticas de classe independentes. E é desta e de outras experiências políticas autónomas que resulta a ideia de que o objectivo imediato dos comunistas é a constituição dos proletários em classe, o derrubamento da dominação burguesa e a conquista do poder político pelo proletariado, ideia que expressamente consta do parágrafo primeiro de fls 70 da nossa edição do Manifesto.

Quanto ao Movimento Cartista, emergiu da actividade política da Associação Londrina de Operários, fundada em 1836, e que inicialmente revestia uma composição híbrida, englobando entre os seus fundadores, além de operários, elementos pequeno-burgueses e radicais, todos com o objectivo de conquistar o sufrágio universal.

Em Maio de 1838, a Associação enviou ao parlamento inglês um documento que fez furor, intitulado Carta do Povo, redigida por dois radicais: o auto-didacta William Lovett e o advogado Feargus O’Connor.

O Cartismo representa um marco fundamental do movimento operário mundial e constitui o primeiro movimento operário revolucionário de massas.

À volta da Carta do Povo, desencadeou-se um amplo movimento político que se estendeu à Escócia, ao País de Gales e à Irlanda. Efectuaram-se enormes comícios operários de massas nas grandes cidades industriais (Manchester, Glasgow e Newcastle).

Em Julho de 1840, constituiu-se a Associação Cartista Nacional que deve ser considerada como a primeira organização política de massas da classe operária.

Na Convenção Cartista, reunida em Londres em Fevereiro de 1839, foi admitido o recurso à força para fazer aprovar a Carta, o que desencadeou distúrbios violentos por toda a parte e levou à fuga dos radicais, afinal cheios de medo. Pela primeira vez na História o movimento proletário passou a contar apenas com as suas próprias forças.

Em Agosto de 1842, é desencadeada a greve geral, preparada pela Associação Cartista Nacional, então exclusivamente operária. Frederico Engels examina esta greve num dos anexos à sua obra A Situação da Classe Trabalhadora em Inglaterra. Tratou-se de uma verdadeira revolução proletária, a primeira da História. Colunas de proletários deslocavam-se de cidade para cidade e os comícios alcançavam proporções gigantescas.

A mera reivindicação do sufrágio universal adquiriu um carácter político de massas e, dirigido pelo proletariado, juntou-se à revolução social. A greve geral de 1842 foi derrotada e o movimento cartista cruelmente reprimido pelas tropas e polícias da Inglaterra, mas o programa democrático do movimento cartista acabou por ser totalmente incorporado na legislação inglesa em 1860.

Com efeito, conseguiram-se mudanças muito importantes, entre as quais a lei da protecção do trabalho infantil, a lei de imprensa, a reforma do Código Penal, a regulamentação do trabalho feminino e infantil, a lei da eliminação dos direitos alfandegários sobre os cereais importados (tornando o pão mais barato), a legalização das associações políticas e a lei da jornada de trabalho das 10 horas.

O movimento cartista inglês, com a sua experiência e direcção proletárias, é o pano de fundo do Manifesto do Partido Comunista.

        12.02.2016

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