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A campanha europeia pró-imperialista

Já só cá faltava o presidente da Assembleia da República

Eduardo Ferro Rodrigues é, como se sabe, presidente da Assembleia da República, facto que, apesar de continuar a ser militante foto ferro do PS, não lhe permite usar daquele cargo para intervir em campanhas eleitorais para propagandear a política do seu partido e, muito menos, atacar os adversários dessa política.

É, assim, inadmissível que tenha aproveitado uma conferência de presidentes dos parlamentos da União Europeia para, na qualidade de Presidente da Assembleia da República portuguesa, entrar na campanha eleitoral para o Parlamento europeu, tomando, ameaçadora mas pateticamente, posição contra os que defendem a saída da União Europeia (UE).

Para além de usar o Brexit como chantagem dissuasora do exercício do direito dos povos dos países que integram a UE a decidirem democraticamente pela saída dela ou mesmo apenas do Euro, Ferro Rodrigues devia envergonhar-se pela quantidade de dislates que proferiu e de lirismos reaccionários que revelou na tentativa de esconder a verdadeira natureza da União Europeia, como estrutura que reúne países imperialistas europeus sob a hegemonia do imperialismo mais forte que é o germânico, e a impossibilidade incontornável dessa União servir os interesses da classe operária e dos trabalhadores europeus.

Depois dos sonhos renascentistas europeus de um Mácron, atarantado pela sua incapacidade de enfrentar a crise interna da França e de algum dia se impor como potência dominante na Europa, eis um Ferro Rodrigues ridiculamente empertigado vir dizer baboseiras como estas – agenda positiva e ambiciosa para uma União Europeia competitiva, humanista e solidária, provedora de segurança; nunca conhecemos tanta liberdade, tanta paz, como na construção da Europa (é necessário lembrar o que é óbvio); é inútil sonhar com o retorno à soberana ilimitada...estaríamos apenas a aplicar decisões tomadas por outros (!!)

Caro Ferro Rodrigues, na verdade, não é necessário esforçares-te a lembrar o que é já óbvio para os 113 milhões de pobres nos países da União Europeia, nomeadamente os que ainda vivem com o humanista e solidário salário mínimo de 280,00€;

E ainda o que, na construção da Europa da União, é também óbvio para as centenas de vítimas da nova guerra que o imperialismo germânico, arrastando a União Europeia e contando com a ajuda das tropas americanas da Nato desencadeou nos Balcãs, com a destruição da Jugoslávia e da capital e principais cidades da Sérvia, para além do apoio ao pseudo-país da província sérvia do Kosovo; guerra que, mais tarde, se estendeu à Ucrânia, quando esta se recusou a ficar sob a pata germânica, não falando ainda no envolvimento do imperialismo europeu nas guerras da Líbia, da Síria, do Afeganistão e do Iraque. Enfim, o óbvio de tanta paz nesta Europa da União.

Mas também não valerá a pena lembrares o óbvio de tanta liberdade, neste espaço vital germânico para os milhares de europeus de Portugal, França, Catalunha, Polónia, Hungria, reprimidos brutalmente nas lutas pelos seus direitos mais elementares a uma vida digna, à autodeterminação, à liberdade de expressão e até ao direito à greve (como sucedeu aos estivadores no Portugal democrático do teu secretário-geral e primeiro-ministro)

O que antes é verdadeiramente inquestionável, o que a história e o marxismo ensina como inexorável, é o que o camarada Arnaldo Matos sempre denunciou - o imperialismo europeu, a União Europeia, é a guerra!

Mas isto, nunca obviamente Ferro Rodrigues e todos os reaccionários como ele poderão compreender, a não ser quando for demasiado tarde, se, entretanto, não forem corridos.

Apenas mais duas alarvidades do presidente da assembleia da República em campanha eleitoral:

1ª - A competição entre os imperialismos pela partilha dos mercados e do domínio do planeta, que conduzirá inevitavelmente à guerra (aquilo que Ferro Rodrigues tenta mascarar com o que chama de União Europeia competitiva) é obviamente antagónico de qualquer humanismo, solidariedade e muito menos segurança para com os operários, trabalhadores e os povos europeus em geral;

2ª - Ficamos sem saber se Ferro Rodrigues está mesmo apanhado ou quer gozar com os portugueses, quando diz que com o regresso à soberania ilimitada – supomos que se estará a referir á recuperação da nossa independência nacional e, no mínimo, a soberania orçamental, fiscal, cambial, económica e na definição da política externa – estaríamos a aplicar decisões tomadas pelos outros (!!!). Mas, afinal, o que é que passámos a ser, desde a adesão à CEE (quando foi a CEE que entrou pelo país adentro) e, mais profundamente, com os Tratados de Maastricht e de Lisboa, senão um país lacaio do imperialismo germânico que não faz outra coisa que não seja aplicar o que Bruxelas e Berlim determinam? E de uma forma, aliás, miseravelmente humilhante, que conheceu o ponto mais intolerável com a ocupação do País pela Tróica e o seu governo de traição nacional Coelho/Portas, contando com a cumplicidade dos restantes partidos parlamentares, sempre mais interessados nos lugarzinhos e tachinhos do parlamento do que em expulsar o invasor.


NÃO À UNIÃO EUROPEIA! 

NÃO AO EURO!

10ABR19

Paulo

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