PAÍS
- Publicado em 29.02.2020
Vila Dias: festejos antecipados, desfechos ensombrados!
A convite da direcção da Associação de Moradores da Vila Dias, uma delegação ao mais alto nível do nosso Partido, composta por três camaradas – dois dos quais do Comité Central –, esteve presente no convívio que aquela associação decidiu levar a cabo para assinalar a alegada transferência de propriedade daquela vila para a Câmara Municipal de Lisboa.
Tivemos a oportunidade de falar com os dirigentes da Associação e alguns moradores, para os alertar para o facto de nos parecer extemporâneo, senão precipitado, o festejo e a autêntica feira de vaidades que se lhe seguiu. Há um velho ditado popular que nos diz que “quando a esmola é muita...o pobre desconfia”. Não é nossa intenção travar o justo entusiasmo dos moradores da Vila Dias que acorreram em massa para aplaudir um desfecho que, no entanto, ainda não está completamente assegurado.
A presença de figurões como o Silvino, actual presidente da Junta de Freguesia do Beato, da Paula Marques, vereadora da habitação da CML, do seu colega Manuel Salgado, de Helena Roseta e do próprio presidente do executivo camarário, Fernando Medina, a par de outras delegações em representação de partidos com assento na Assembleia Municipal ou na vereação, deveria levantar aos dirigentes da Associação de Moradores da Vila Dias, enormes reserva e fazê-los prepararem-se, e aos moradores, para novos e duros combates que se avizinham.
Todas aquelas figuras que se pavonearam hoje no Parque Infantil da Vila Dias, se opuseram de forma determinada à solução que o PCTP/MRPP desde sempre apontou: o exercício do direito de preferência e a posse administrativa da Vila por parte da CML. Foi quase uma década de luta em que a única formação política que indicou ser esse o único caminho que interessava à luta dos moradores, nunca lhes virando as costas, dando-lhe total apoio nas frentes política e jurídica, foi o nosso Partido.
O único candidato, quer às últimas eleições autárquicas, quer às recentes eleições europeias, que denunciou o que se estava a passar naquela Vila, foi o candidato do PCTP/MRPP. No primeiro caso, durante o debate entre as várias candidaturas organizado pela RTP no Convento do Beato, foi o único candidato a abrir a sua participação com a menção à degradação que naquela Vila se vivia. No segundo acto eleitoral, foi também o único candidato a levar a imprensa – foi, aliás, o seu primeiro acto de campanha – à Vila Dias para, aí, demonstrar qual era a política urbanística dos sucessivos governos, quer a nível nacional, quer a nível camarário.
A intervenção de Fernando Medina nestes “festejos” – quanto a nós prematuros – foi revelador do que se pode esperar de um executivo camarário que levou mais de 8 anos a atender às exigências dos moradores da Vila Dias. Destacamos, no essencial, quatro pontos do seu discurso:
1. Os agradecimentos públicos a todos aqueles que se opuseram à solução proposta pelo PCTP/MRPP finalmente adoptada, de accionar o direito de preferência;
2. O facto de revelar que a escritura de venda – ou seja, de mudança da propriedade – ainda não estar assinada e, muito menos, validada a compra da Vila Dias;
3. A menção a que iria ser instalado um gabinete da CML na Vila Dias para, no quadro da crise de habitação que se vive em Lisboa, traçar os planos do que iria acontecer na Vila Dias;
4. Apelar aos moradores a que, enquanto a escritura de aquisição não estivesse formalizada não hostilizassem os ainda actuais proprietários, pagassem as rendas contratualizadas, e acolhessem todas as indicações, normas e procedimentos que eles lhes fossem impondo.
A Associação de Moradores da Vila Dias deve prosseguir a sua acção, preparando desde já os moradores para a mais que eventual necessidade de prosseguirem a luta. Desde logo para que aquela associação tenha um voto de qualidade na estrutura a criar para gerir o bairro. Depois, para impedir que a Vila Dias se transforme em mais um negócio imobiliário para a CML, não faltando exemplos para documentar esse seu apetite de medidador de propriedades em Lisboa.
Apesar de nenhuma referência ter sido feita ao papel crucial do PCTP/MRPP no desfecho desta luta que impôs à CML o exercício do direito de preferência à aquisição da Vila Dias, podem os moradores daquela Vila e os dirigentes da sua Associação de Moradores terem a certeza de uma coisa – o apoio incondicional do nosso Partido à sua justa luta por uma habitação digna!
29Fev2020
LJ