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PAÍS

Jardim e a Destruição da Cidade do Funchal

madeira 01O consulado de Alberto João Jardim está a chegar ao fim! Mas, mesmo assim, não chegará ao termo dos poucos meses que lhe faltam para ser escorraçado da Quinta Vigia, sem, qual Nero da Macaronésia, inflingir à Madeira e, em especial, à cidade do Funchal, as mais odiosas destruições do seu notabilíssimo património histórico, urbanístico, paisagístico, arquitectónico e arqueológico.

A sua última destruição, encomendada à mesma empresa que ficou responsável pela delapidação da quantia de três milhões de euros na marina de Lugar de Baixo, tem em vista a liquidação, a prazo, da Baixa da cidade e da Baía do Funchal.
Ignorante e inculto como é, o ditadorzeco Jardim, rodeado de uma canalha de parasitas igualmente incultos e ignorantes, empreendeu desviar, para oeste, a foz da ribeira de São João e desviar, para leste, unificando-as numa única foz, as fozes das ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes.

As próximas aluviões de que o Funchal for vítima – e já sofreu trinta e nove grandes aluviões nos últimos duzentos anos, nove das quais repentinas e associadas a movimentos de vertente só no intervalo dos catorze anos que leva o século XXI – vão demolir a Baixa do Funchal e vão entulhar de detritos o porto da cidade.

Jardim e a sua equipa de cretinos à beira do desemprego político não se limitaram, sem quaisquer estudos laboratoriais prévios a que poderiam ter recorrido no competente Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a mandar desviar as fozes das ribeiras cujas bacias hidrográficas, ao longo de onze milhões de anos, desenharam a belíssima paisagem da cidade e da baía do Funchal.

Utilizando o dinheiro (1,5 mil milhões de euros) que todo o povo português solidário deu à Madeira para poder recompor-se da aluvião catastrófica de 20 de Fevereiro de 2010, Jardim e os ignorantes que com ele pastam à mesa do orçamento tomaram a absurda decisão de empilhar em frente da Avenida do Mar, a marginal da baía, os 200.000 metros cúbicos de inertes carregados pelas três ribeiras naquela fatídica cheia, com a peregrina ideia de nesse aterro, de 350 metros de comprimento por 70 de largura, construírem um cais para ancoragem de cruzeiros e mais uma marina.

De todas as cidades marítimas do mundo, a população do Funchal será a única que não poderá molhar os pés em sítio nenhum da sua magnífica baía, que, com a proposta do mentecapto Jardim, ficará totalmente reservada a navios, a marinas e a piscinas exclusivamente para turistas.

Para que o leitor possa ficar com uma pequena ideia do que irá acontecer à bela cidade do Funchal no futuro, em consequência das últimas obras destruidoras avançadas na despedida do pequeno Nero das ilhas, publica-se hoje, com a devida vénia ao autor Nuno Miguel, uma fotografia obtida no passado dia 20 de Outubro, quando uma fraca ondulação de sudoeste, com ondas de apenas três metros de altura, resolveu visitar a estúpida obra de Jardim, precisamente naquele que é o actual ponto de fusão das fozes das ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes!

Imagine-se o que teria acontecido com a depressão de 20 de Fevereiro de 2010, onde as ondas superaram os vinte metros de altura…. E o que acontecerá com as próximas grandes depressões, que não hão-de vir tão longe como isso, atendendo a que o Funchal já registou nove delas só nos primeiros onze anos do século XXI…

O megalómano desvio das fozes das três ribeiras levou a profundas escavações em toda a baixa da cidade do Funchal, escavações que ainda continuam e continuarão por muito tempo.

O saudoso historiador e poeta António Aragão, a quem a cultura portuguesa, mas sobretudo a madeirense, muito ficaram a dever, teve a originalidade de lembrar aos distraídos que o Funchal é a primeira cidade construída por europeus fora da Europa. Ora, com mais de quinhentos anos de história, cada escavadela que se faça na cidade do Funchal tem de ser acompanhada por estudiosos e peritos, com vista à salvaguarda do património arqueológico.

Ainda que não tenhamos em Portugal uma lei do património cultural como têm a França ou a Inglaterra, apesar de tudo a nossa lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, permite uma razoável defesa do património arqueológico, obrigando as entidades e proprietários de terrenos a comunicarem ao Instituto Português do Património os vestígios que encontrarem em escavações e a suspender imediatamente a obra.

Na Região Autónoma da Madeira, essa tarefa passa pela Direcção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC), que tem actualmente por director João Henrique Gonçalves da Silva.

Comungando da incompetência, ignorância e incultura que caracterizam Jardim, a DRAC não existe para defender, mas para atacar e destruir o património.

A DRAC manteve-se muda e queda quando a canalha jardinista destruiu a bela e antiga Ponte do Cidrão, e em nada se opôs à substituição dessa ponte por um inestético e rebaixado pontão de betão que mete medo ao susto numa noite de trovões.

Acontece que nas escavações agora efectuadas para junção e desvio das fozes das ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes foi encontrado um forte: um forte, sim, uma praça de guerra de artilharia da costa. Os fascistas de Salazar tinham-no enterrado aí por 1939, quando construíram a Avenida do Mar, e já ninguém se lembrava dele.

Jovens historiadores e investigadores da Madeira, em guerra permanente contra a DRAC, descobriram que se tratava do forte de São Filipe, um dos baluartes da defesa do Funchal construído nos fins do século XVI ou princípios do século XVII, talvez no reinado de D. Sebastião ou já no tempo do ocupante espanhol, quando este, temendo o desembarque de patriotas portugueses, reforçou todas as praças de artilharia na costa continental e insular.

Um forte daqueles, ainda por cima inteiro, era uma chatice para os projectos megalómanos da camarilha jardinista. É então que a DRAC resolve o assunto desmontando e elevando um bocado do forte de São Filipe, construindo com esse bocado um cenário em frente ao varandim do novo viaduto que passará sobre as águas das duas ribeiras, a escassos metros do monumento evocativo da Autonomia.

Ora Jardim, a DRAC e a respectiva pandilha de energúmeros têm o estrito dever de explicar a todos os Portugueses, que contribuíram com 1,5 mil milhões de euros para a Lei de Meios destinada a recuperar a cidade do Funchal, os fundamentos culturais e teóricos que levaram à destruição do forte de São Filipe e à execução de um cenário para papalvos, edificado com um bocado do forte agora desenterrado.

Razão tinha - e continua a ter - o poeta António Aragão, quando, diante da avassaladora política jardinista da betoneira, achava que, na Madeira, sob Jardim e sob Ramos, o património tinha acabado em putrimónio...

O que se está a passar no Funchal com o último estertor de Jardim exige aos funchalenses e aos homens e mulheres de cultura da Madeira, um combate acérrimo contra uma negociata feita por incompetentes, que irá pôr irremediavelmente em causa a estabilidade, a segurança e a beleza da baixa e da baía da cidade do Funchal.


Espártaco



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