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PAÍS

Sobre os casos que temperaram a hipótese de cerca sanitária ao Porto

Casos em pleno caos

Não nos esqueçamos que o termo cordão sanitário, foi frequentemente utilizado com um sentido metafórico para referir-se às tentativas de evitar a propagação de uma ideologia considerada indesejável ou perigosa.
No dia 30 de Março, segunda-feira, na conferência de imprensa de balanço, a Directora-Geral da Saúde Graça Freitas, face aos números de infectados na região Norte, informou que se estava a estudar a hipótese de implementar um cordão sanitário em volta da cidade do Porto, podendo alargar-se à volta de alguns concelhos (seis) da Área Metropolitana do Porto: Vila Nova de Gaia, Maia, Matosinhos, Gondomar e Valongo que somam mais de um terço do total de casos confirmados.
Entretanto, passadas mais de 24 horas, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, rejeitou essa hipótese, afirmando não ter existido qualquer indicação(?!!) nesse sentido.
De acordo com a lei de bases da Protecção Civil, é decidida, em situações normais, pelo Conselho de Ministros e em situações de emergência por despacho do primeiro-ministro e do ministro da Administração Interna.
Questionado pela imprensa sobre o anúncio feito pela directora-geral da Saúde, o gabinete de Marta Temido remete para o artigo do decreto-lei que regulamenta o estado de emergência, o qual estipula que o membro do Governo responsável pela decisão de encerramento da circulação rodoviária e ferroviária, por razões de saúde pública, é o ministro da Administração Interna. Tendo sido questionado o Ministério da Administração Interna sobre este assunto, nenhum órgão de comunicação social obteve qualquer resposta.
Ainda na saga dos parcos esclarecimentos, foi a resposta do Ministério da Saúde que garantia, já ao início da noite de ontem, que “não tem neste momento qualquer proposta fundamentada sobre" a imposição de um eventual cordão sanitário em torno do Porto, o concelho com mais casos de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, 941.
Enquanto escrevo este texto fico confuso, e suponho que o meu prezado leitor também. Porque de facto a confusão está instalada! Já não basta a situação que vivemos, e ainda estamos sujeitos a esta desgovernação, instabilidade e carência ética e moral para com o povo português. Nada que não estejamos habituados, nada de novo na frente oeste.
Ainda o jogo do empurra (empurra culpas, considerações descartáveis, aparente desvio de atenções para obter mais foco, e um desculpar forrobodó de responsabilidades), ia a meio, quando entra em cena o encenador de cenas Rui Moreira.
A oposição e posição de Rui Moreira foi clara e petulante; questionou a autoridade de Graça Freitas para tomar a decisão, embora ela não tenha tomado qualquer decisão e acrescenta que a medida é absurda, e ineficaz até porque a situação epidemiológica nos concelhos limítrofes é em tudo igual e baseia-se em estatísticas sem “fiabilidade”, acrescentando “A Câmara do Porto deixa de reconhecer autoridade à senhora directora-geral da Saúde, entendendo as suas declarações como um lapso seguramente provocado pelo cansaço”. Posteriormente lançou um comunicado em que afirma “a medida não foi pedida pela Câmara do Porto, não foi pedida pela protecção civil do Porto e não foi pedida pela protecção distrital, nenhuma destas entidades, nem o presidente da Câmara do Porto foram informados”.
Dos concelhos em questão, Vila Nova de Gaia e Gondomar rejeitaram a ideia de uma cerca sanitária, neste momento dada a propagação do vírus.
Continuando no circo da cacofonia de posições reincidentes, eis que surge outra notícia contraditória a recentes tomadas de decisão.
O Presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil do Porto tinha por três vezes solicitado à delegada regional de saúde que fossem implementadas cercas sanitárias em alguns dos concelhos com mais casos de covid-19, mas a proposta foi sempre rejeitada.
Houve quatro concelhos da área metropolitana do Porto que pediram um cerco sanitário, designadamente Gondomar, Maia, Valongo e Vila Nova de Gaia, mas sem que a Administração Regional de Saúde do Norte tenha aceitado a sua implementação.
Os quatro concelhos estão entre os que apresentam mais casos de Covid-19 em Portugal.
O Presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, rejeita a solução do cerco sanitário salientando que esta paralisaria toda a região. O problema para ele não é nem a saúde nem a sobrevivência dos cidadãos, mas a paralisia dos seus lucros.
No meio de tanto caos vão surgindo casos ao acaso. Ninguém se entende, inoperantes em relação à situação evidente, a desorganização instalada, uns puxam para um lado outros para outro, outros zelam pelos seus interesses e outros são interesseiros. Tudo reflexo, imagem perfeita da imperfeição, de um governo putrefacto e demagogo, e de uma União Europeia saqueadora, vil e imperialista: a política geral do capitalismo na sua essência, moribunda.
A Direcção-geral de Saúde admitiu que pode ter havido uma “dupla contagem” do número de casos, devido a uma “metodologia mista” que recorre aos dados reportados pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS) e pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE).
Os números da DGS serão fiáveis?: o "erro" só foi "detectado" para conter a revolta do "rei" Moreira. Outra interpretação poderia ser dada se, inicialmente ou pouco depois, a dúvida sobre o número tivesse sido colocada mas, o que veio foi uma explicação retardada. E se houve um erro desta natureza, não terá havido mais? O que me parece é que não há erro. O que existe é a sonegação pensada de dados, basta ter ouvido o presidente da Câmara de Ovar sobre os dados da DGS que, quando o caso lhe foi posto, afirmou conhecer pessoalmente mais casos (na ordem dos 70% mais do que os casos que a DGS declarava haver no concelho), e que, certamente, haveria muito mais casos do que aqueles que ele conhecia pessoalmente.  
O que a directora-geral disse não foi que a cerca sanitária iria ser levantada sobre o Porto mas que iria ser discutida face aos números que haviam aparecido. E isso certamente era verdade. A reacção do Rui Moreira não se percebe face às suas posições anteriores, uma vez que foi quem esteve sempre na primeira linha das exigências sobre a implantação do estado de emergência mais radical (praticamente a imposição de uma cerca sanitária em cada casa e em todos a cada um dos concelhos do país). Então? Agora, que são outros a falar, já não lhe interessa? Cerca sanitária afinal quer, mas à casa de cada cidadão! O que é afinal de contas o "reforço policial" que pretende senão uma "cerca sanitária" à casa de cada cidadão? O que Rui Moreira acabou por dizer foi sim à "cerca sanitária" mas quem manda sou eu. Aliás é uma forma de protagonismo idêntica (demencial) à da directora-geral que está na base desta posição e das iniciativas de encomendar, antes de qualquer um, por assim dizer justas face à inércia de bom aluno (na versão actual de bom aluno rebelde, que diz umas coisas “contra”) do governo na matéria, mas mesmo assim atrasadas pelo menos dois meses em relação às necessidades, de testes ao COVID-19 e de equipamentos de protecção.
No meio desta pandemia temos o vírus da burguesia. E muito mais poderia ser denunciado, (em futuros artigos), desde a escassez de testes diários às insuficientes zaragatoas passando pelo inalterado número de recuperados à uma semana (e às altas que estão a dar sem terem a certeza da cura). Mas para não ficarmos mais à toa com estas pestes, findo o meu texto certo de nunca nos faltarem zarabatanas para nos opormos.
Infelizmente, são tão tardias todas as decisões aplicadas até ao momento, no sentido de evitar o crescimento da pandemia, mas nunca será tarde para a revolução e para um cordão do proletariado. Essa urge tal como a corrida imóvel contra o tempo contínuo.
Porque em pleno caos surgirá um novo ocaso!
Viva o comunismo!
Viva o PCTP/MRPP!

01Abr2020

JM

pctpmrpp

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