PAÍS

Um bufo num covil de bufos

manifestacao exemploA gravidade da situação política criada pelo golpe fascista do ditador Cavaco, ao colocar todo o sistema político em Portugal sob o seu comando directo para explorar e assassinar o povo ao serviço da tróica germano-imperialista, ficou mais uma vez patente quando o tirano de Boliqueime mandou colocar um bufo (de nome David Justino) nas reuniões que dirigentes do PSD, do CDS e do PS estão a realizar para elaborar o “compromisso de traição nacional” que lhes foi ordenado de Belém.

Mais grave ainda do que este acto vil do ditador Cavaco foi a reacção servil ao mesmo por parte dos participantes nas referidas reuniões e também da generalidade dos órgãos de comunicação social.

Com a naturalidade própria dos lacaios, a comunicação social informou que o bufo Justino participou na reunião de ontem com o fito de ir depois informar o chefe se o que ali se passou corresponde às instruções por ele dadas. E, adoptando a mesma postura, os participantes na reunião aceitaram como normal estarem a ser espiados e controlados em directo e ao vivo por um enviado do führer, ao qual aceitaram submeter-se.

Dos representantes do PSD e do CDS já se esperava uma atitude como esta, embora se possa suspeitar que, mesmo dentro desses partidos, haverá gente capaz de se indignar com a humilhação e o atropelo aos valores mínimos da democracia que este acto pidesco representa.

Mas no caso dos representantes do PS, a coisa fia mais fino. Mesmo conhecendo a faceta colaboracionista e traidora da direcção deste partido, posta em evidência nos dois últimos anos perante a ocupação imperialista do país e os sucessivos ataques terroristas aos trabalhadores e ao povo, é preciso exigir da maioria dos militantes e simpatizantes do PS, que se consideram democratas e patriotas, uma posição de firme denúncia e repúdio pela postura de lacaios adoptada pelos dirigentes do seu partido.

Se tais denúncia e repúdio se impunham já pelo simples facto de a direcção do PS aceitar as ordens de Cavaco para se empenhar no dito “compromisso de traição nacional”, elas justificam-se ainda mais perante a atitude agora tomada de aceitar nas reuniões um bufo do presidente.

Um dos representantes do PS nestas reuniões é Alberto Martins, um personagem que, erradamente como se vê, ainda é hábito associar a um passado antifascista. É preciso lembrar a este cavalheiro que, se já é grave ele aceitar caucionar o golpe fascista desencadeado pelo presidente da República através da sua participação nestas reuniões, mais grave ainda é ele aceitar que um bufo de Belém, assumindo-se como tal e sentado mesmo ao seu lado, lhe vigie as palavras e os actos. Que vergonha! Que traição aos princípios democráticos que Martins e companhia afirmam serem os seus!

Gente que se presta a este papel de sabujos é gente que está disposta a aplicar, contra os que enfrentam o terrorismo e o fascismo e contra todos os democratas e patriotas consequentes, os mesmos meios repressivos de que agora são o alvo. É isto que está em causa quando se denuncia este episódio tão execrável quanto esclarecedor. Os dirigentes do PS estão, de motu proprio, a assumir-se como cúmplices de um golpe fascista de destruição do regime democrático e preparam-se, além disso, para serem agentes e executantes de actos repressivos fascistas contra todos os que se levantem, de uma forma firme e consequente, para defender a democracia e a independência nacional.

Uma corrente de indignação e de revolta irá certamente derrotar as presentes manobras do presidente, do governo e dos seus lacaios. Todos os meios para alcançar este objectivo são legítimos e necessários. Os ditadores, os opressores e os bufos ao seu serviço serão esmagados pela luta das massas trabalhadoras e de todos os democratas e patriotas. Ao combate! O povo vencerá