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PAÍS

Entre Seguro e Cavaco, venha o diabo e escolha

António José Seguro pronunciou-se finalmente sobre a greve às avaliações e aos exames dos professores dos ensinos básico e secundário que tem vindo a decorrer com êxito quase total desde o passado dia 7 e que terá o seu ponto alto e decisivo na greve do dia 17 de Junho aos exames de Português e Latim do 12º ano.

E que disse, com o seu ar pungente, o secretário-geral do PS? Que a greve é um direito dos professores mas que os interesses dos alunos têm de ser respeitados, e que o governo e os professores devem fazer os possíveis para se entenderem de forma a salvaguardar aqueles interesses dos alunos. Sobre as razões da greve, as medidas terroristas do governo que a motivam e as reivindicações dos professores, o homem disse nada, zero.

Ouvindo o Seguro, uma interrogação surge de imediato: onde é que eu já ouvi isto? Um pequeno esforço de memória conduz-nos imediatamente à resposta: foi o que, quase palavra por palavra, disse o Cavaco sobre o mesmo assunto. Há apenas uma pequena diferença de forma, resultante do facto de Cavaco ser um homem do governo e Seguro se apresentar como “alternativa” a esse governo. Assim, o primeiro atacou abertamente os professores enquanto o segundo se coibiu de o fazer, por razões puramente tácticas. Fosse Seguro primeiro-ministro e adoptaria precisamente as mesmas medidas de aumento do horário de trabalho dos professores e de despedimento colectivo, às dezenas de milhar, de professores do quadro e de professores contratados, usando precisamente a mesma linguagem do actual chefe do governo.

Este caso é paradigmático do que se passa em todos os domínios da intervenção política dos dois personagens em questão, o candidato a primeiro-ministro da tróica e o presidente do protectorado alemão em que se tornou Portugal. Analisem-se os discursos de ambos sobre a crise económica e sobre os meios de a combater, sobre o papel da União Europeia nesta crise e sobre qualquer tema relevante da vida política, e ver-se-á que não há diferenças, para além de pequenos pormenores de forma. Quando o governo aprova e adopta medidas terroristas de austeridade, Cavaco defende-as e promulga-as, enquanto Seguro nunca se pronuncia em concreto sobre as mesmas, limitando-se a repetir, ad nauseam, que é “contra a austeridade e pelo crescimento económico”. E se algum jornalista mais afoito (que são raros) lhe pergunta se revogaria tais medidas no caso de ser primeiro-ministro, a resposta é sempre a mesma: “Não posso prometer”.

Assim como os professores conseguem já ver com clareza em António José Seguro um émulo de Sócrates e um Passos Coelho recauchutado, também os trabalhadores de qualquer sector em luta contra as medidas fascistas do governo adquiriram já a mesma impressão indelével. A tróica alemã tem três suportes gémeos em Portugal: o governo Coelho/Portas, o presidente Cavaco Silva e o secretário-geral do PS. Qualquer alternativa democrática e patriótica ao governo actual terá de atirar pela borda fora, num mesmo impulso, os fascistas no poder e o pseudo-socialista de pacotilha que os quer substituir para aplicar as mesmas políticas de traição nacional, de destruição da economia e de supressão de todos os direitos dos trabalhadores e do povo.


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