PAÍS

Redução da indemnização por despedimento ilícito - Mais uma medida a exigir como resposta o derrube urgente do governo

Perante mais este golpe (com carácter definitivo) nos direitos adquiridos dos trabalhadores, seria bom que nos interrogássemos de uma forma mais profunda e clara sobre a forma de reagir a ela.

E a primeira pergunta que surge é necessariamente a seguinte:
de que vale a pena negociar com o governo, na câmara corporativa da concertação social, as medidas terroristas por ele irreversivelmente tomadas em obediência à tróica?

É o caso, mais uma vez, desta decisão de reduzir ainda mais e cada vez mais a indemnização por antiguidade devida pelo despedimento ilícito.

Tal como sucedeu a respeito de todas as anteriores reformas ditadas pelas sucessivas versões do memorando, as coisas continuam a passar-se assim : Passos Coelho anuncia que, nos termos do compromisso por ele assumido na última avaliação da Tróica, o governo decidiu que a indemnização por antiguidade passará de 30 dias para 12, continuando obviamente a calcular-se apenas sobre o vencimento base e diuturnidades.
Mas, claro, o assunto ainda vai ser objecto de diálogo(?!!) com os parceiros sociais, em sede de concertação social.

Mas será que os sindicatos ainda não concluíram de uma vez por todas que a aceitação da mera discussão destas decisões, mesmo com uma posição prévia de repúdio, acaba por constituir um aval a esta mascarada e trágica palhaçada que consiste em impor-se democraticamente aos trabalhadores uma catadupa de medidas terroristas de roubo do salário e do trabalho e de liquidação das suas principais conquistas, roubo e liquidação esses levados a cabo pela contra-revolução de maneira a deixar atordoadas a classe operária e as demais vítimas dessas medidas, conferindo-lhes uma natureza definitiva se vier a vencer?

Será um erro dramático e imperdoável que os que se dizem dirigentes de esquerda, políticos e sindicais, vão atrás deste engodo, não vendo que o objectivo essencial, imediato e inadiável que tem de mobilizar a classe operária e os trabalhadores e todos os democratas e patriotas, unidos numa ampla frente, é o derrube urgente deste governo e que não se pode bloquear esse objectivo ou secundarizá-lo, defendendo previamente que o governo que o deve substituir teria de ser um governo de esquerda (PCP e BE), excluindo dele os democratas e patriotas e restantes partidos e organizações politicas não parlamentares, ou um outro só com o PS de Seguro ou em aliança com ele, no caso, em nada de essencial diferente do actual.

Não se pode unir as classes que se opõem ao governo para levar com urgência ao seu derrubamento, para logo a seguir excluir uma parte desses aliados do programa e do governo alternativo.