PAÍS

Pela vitória do não à Eutanásia!

Os deputados da Assembleia da República preparam-se para discutir e votar uma lei sobre a eutanásia, novamente proposta por PS, BE, PAN e Verdes, aos quais se junta, agora, a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira e a Iniciativa Liberal, um dos partidos de extrema-direita actualmente representados, com um deputado, naquele fórum parlamentar.

Os comunistas sempre se opuseram a esta lei. Não por critérios moralistas e filosóficos decadentes e de direita, como grande parte dos deputados do PS a quem foi dada liberdade de voto ou do PSD, muito menos por critérios religiosos e reaccionários como faz o CDS e o Chega ou a Conferência Episcopal portuguesa.

A 29 de Maio de 2018, o nosso saudoso camarada Arnaldo Matos, num dos seus vigorosos tuítes afirmava ser radicalmente contra a eutanásia porque:

Com a clareza que sempre o caracterizou, o nosso camarada Arnaldo Matos denunciou sem qualquer rebuço que, a discussão e eventual aprovação dos projectos de lei naquele distante ano de 2018 – que agora se replicam – visam conferir ao Estado, através do Serviço Nacional de Saúde, o poder de dispor como bem entender da vida dos cidadãos que busquem o tratamento e apoio do Serviço.

Ora, o que o Estado deve fazer, propugnava o camarada Arnaldo Matos, é investir no Serviço Nacional de Saúde e financiar o seu funcionamento cada vez mais adequadamente à continuação da vida, assim como investir e financiar a segurança social, de modo a proporcionar aos idosos e doentes melhores condições de saúde e longevidade.

Os comunistas do PCTP/MRPP consideram, tal como o seu fundador, que a despenalização da assistência à morte e ao suicídio tem só em vista diminuir a parte do Orçamento de Estado destinada aos trabalhadores e passá-la para a bolsa dos capitalistas, aumentando assim a mais valia destinada ao capitalista e a taxa de exploração da classe operária.

Tal como em 2018, em que os quatro projectos então em discussão foram chumbados por maioria simples, agora em 2020 serão de novo chumbados. Se não pelo parlamento, pelo movimento de massas que já se levanta por todo o país. Tal como em 2018 , o Estado não irá adquirir agora também o direito de poder matar impunemente os velhos, os doentes e os incuráveis.

Em Maio de 2018, e após a derrota que os proponentes destes projectos sofreram, o nosso camarada Arnaldo Matos alertava para que o PS e outros partidos reaccionários iriam certamente voltar com os mesmos projectos, porquanto a rejeição de então não assentou nos princípios de uma discussão ideológica correcta.

Colocando o acento tónico na luta de classes, o camarada Arnaldo Matos afirmava na altura que:

Concluindo que Partidos reaccionários como o BE e o PAN, que aliás defendem melhor os direitos dos cães doentes do que os direitos dos operários velhos ou incuráveis, voltarão com os projectos ontem recusados, para abrir caminho à adopção de medidas que só interessam aos capitalistas.

À derrota dos projectos agora retomados que, caso viessesm a ser aprovados, permitiriam conferir ao capitalismo o direito de mandar matar os velhos, doentes e incuráveis, deve a classe operária portuguesa responder imediatamente com a exigência de medidas políticas inversas, nomeadamente o reinvestimento e financiamento do Sistema Nacional de Saúde, por forma a garantir para os trabalhadores e trabalhadoras a maior longevidade possível e a mais completa dignidade no tratamento e controlo da dor nas doenças fatais e na morte.

Se já hoje, sem despenalização da eutanásia, os velhos, as crianças e os doentes incuráveis são deixados a morrer como animais nos corredores dos hospitais, imagine-se como não seria bom para a classe dominante um sistema que lhe permitiria esconder estas práticas…

Fazem parte do salário do operário as despesas com a segurança social, a velhice, a saúde e a dignidade pessoal na vida e na morte do operário e da sua família, quer sejam pagas como salário, quer como mais valias retiradas do orçamento de Estado.

Num tuíte publicado a 30 de Maio, e respondendo a uma crítica que lhe foi ditrigida por Miguel Graça, o camarada Arnaldo Matos, para além de reafirmar o seu não alinhamento com o que era – e ainda hoje é – defendido pelos revisionistas e social-fascistas do PCP, tornava ainda mais clara a posição dos verdadeiros comunistas face à eutanásia e ao suícidio assistido:

Para concluir que nas quatro propostas então discutidas no Parlamento e aí rejeitadas – e que agora se reeditam -, o apregoado direito a uma morte digna acompanhada ou ao suicídio assistido estará sempre na mão da classe dominante, através dos serviços de saúde e dos médicos e enfermeiros que aí exerçam esse poder... sendo mais do que certo que ... a vontade do operário nunca será tida em conta, pois representará sempre consumo de maiores despesas e custos. O PCP tem uma posição pequeno-burguesa, antimarxista e anticomunista. A minha posição procura ir ao fundo das relações sociais e económicas em causa na nossa sociedade.

Com o humor revolucionário que o caracterizava, o camarada Arnaldo Matos rematava com a palavra de ordem:

Eutanásia- e já! – só se for para o actual Parlamento e para os actuais parlamentares…

13FEV2020

LJ

pctpmrpp