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PAÍS

BARRAGEM DO FOZ TUA
Operários Continuam a ser Assassinados nas Obras da EDP
Publicado em 12.05.2015      Actualizado em 16.05.2015

2015-05-12-barragemfoztuaHoje, pelas 06h15, na Barragem do Foz Tua, ocorreu mais um dos chamados acidentes de trabalho de que resultou mais uma morte, mais um crime: segundo informações recolhidas pela redacção do Luta Popular Online junto de trabalhadores desta obra, o operário Bruno José Duarte Esteves de 26 anos, residente em Sanfins do Douro, era trabalhador do consórcio Mota-Engil Engenharia, Somague e MSF (ACE) perdeu a sua vida, depois de um balde de betonagem de cimento embater no contentor onde se encontrava a trabalhar, projectando-o de uma altura de cerca de 30 metros.

A EDP é, assim, responsável pela quinta morte, ou antes, assassinato naquela obra, tornando-a num autêntico cemitério para os operários que sucessivamente ali vão perdendo a vida.

Tal como o Luta Popular Online noticiou, em 26 de Janeiro de 2012, perderam a vida soterrados por desprendimento de terras no talude da margem esquerda do Rio Tua, Valter Rodrigues de 54 anos, casado, residente no Lugar da Povoa, freguesia de Cotas, município de Alijó; Alberto Tomé de 57 anos, casado, residente na freguesia de Folgosa do Douro, município de Armamar e Carlos Leite de Carvalho de 41 anos, casado, residente na freguesia e município de Celorico de Basto. Em 23 de Maio de 2014, foi também vítima nestas obras um operário guineense de 50 anos, casado, natural de Guiné-Bissau, de quem as autoridades recusam sempre indicar nome e residência.

A EDP é também responsável pelas obras de construção da nova central hidroeléctrica para reforço de potência Salamonde II, onde a 29 de Agosto de 2014 Luís Gonçalves, de 23 anos e Manuel Augusto de 58 ficaram gravemente feridos numa explosão, por falta de condições de segurança.

A 2 de Novembro de 2014, a respeito destas mortes, verdadeiros assassinatos, cujas causas se querem ocultar, voltou o Luta Popular Online, na introdução da Carta Aberta aos Engenheiros Portugueses a exigir à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) que realiza-se uma "apertada fiscalização sobre a actividade laboral em execução nesses empreendimentos, hoje ao serviço de uma empresa adquirida por capitais chineses", e denunciava ainda o Eng. Fernando Almeida Santos presidente da comissão executiva e da coordenação da Tabique – Engenharia, Lda, empresa que arrecada 3% do valor total da obra para exercer precisamente a coordenação da segurança dos operários.

Mas a fiscalização não se faz e a corrupção e a ganância na obtenção de lucros continuam a impedir que sejam implementadas medidas de segurança e, no dia 25 de Novembro de 2014, na barragem do Baixo Sabor, cujas obras são também da responsabilidade da EDP, sendo responsável pela coordenação da segurança a famigerada Tabique, acontece mais um acidente: um operário, manobrador de grua, ficou com as pernas esmagadas pela cabine de uma auto-grua que capotou.

É tempo de dizer basta e exigir que os responsáveis respondam por estes verdadeiros crimes! A ACT não se pode escudar em inquéritos intermináveis para não apresentar conclusões com a indicação dos responsáveis e das medidas que foram tomadas na altura dos acidentes e posteriormente aos mesmos. E há ainda que perguntar, com tantos acidentes nas mesmas obras, o que anda a fazer a própria ACT, que aí deveria ter uma vigilância redobrada, fiscalizando e exigindo o cumprimento das normas de segurança?


ACTUALIZAÇÃO 

2015-05-14-SANFINS 01Realizou-se na passada quinta-feira o funeral do Bruno Esteves, pai de três filhos a mais nova com dois anos de idade.

Centenas de operários da barragem, e outras pessoas entre as quais destacamos a presença de Manuela Rodrigues, companheira de Valter Rodrigues, também ele assassinado nas obras desta barragem, não couberam na igreja de Sanfins de Douro, que ali ficaram à aguardar o cortejo que seguiu para o cemitério de Sanfins do Douro.

O Luta Popular Online não pode deixar de denunciar a EDP que não parou a obra para que todos os trabalhadores da mesma pudessem prestar a sua última homenagem ao seu camarada de trabalho ali assassinado. Fico assim mais uma vez claro que a EDP só está interessada na exploração desenfreada dos seus trabalhadores.






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