PAÍS

Fábrica CAIMA em Constância - Mais dois Operários Assassinados em Acidente de Trabalho

Mais dois trabalhadores foram mortos enquanto trabalhavam, por falta de condições de segurança.

Dois jovens operários perderam a vida, carbonizados dentro de uma conduta de lavadouro de gases, quando procediam ao seu revestimento com fibra de vidro nas instalações da fábrica de pasta de eucalipto para produção de papel CAIMA, em Constância.

Esta fábrica, que explora perto de uma centena de operários, encontrava-se em manutenção, realizada por várias empresas contratadas pela Caima.

Os dois operários em causa, de 26 e 28 anos de idade, eram naturais da Bairrada e eram explorados pela Orbisource, uma das empresas contratadas pela Caima para proceder aos trabalhos de manutenção.

Como é habitual, nenhuma das empresas Caima e Orbisource, nem a ACT divulgaram qualquer explicação para o incêndio que deflagrou e que vitimou os operários, mostrando-se o lacaio da Caima mais preocupado em destacar que o incidente teve apenas danos negligenciáveis na fábrica e que os dois trabalhadores mortos eram de uma empresa externa.

O certo é que a indiferença e a provocatória normalidade com que os capitalistas e as entidades públicas que lhes dão cobertura encaram a morte dos operários por falta de condições de segurança é de tal ordem que, neste caso, nem os trabalhos em curso foram suspensos.

E, como já vem sendo também habitual, em consequência da total impunidade com que ACT, Ministério Público e tribunais tratam os criminosos, a Caima, dona da obra relativamente aos serviços de manutenção, começa já a enjeitar as responsabilidades, atirando-as para a empresa contratada em que trabalhavam os operários mortos, e esta, a Orbisource, a seu tempo tratará de responsabilizar os operários que ela explora directa e miseravelmente.

Mas quer a Caima quer todas as empresas envolvidas na manutenção sabem perfeitamente, mas nada fazem para o prevenir, que os produtos manuseados neste tipo de trabalhos – a fibra de vidro – são altamente inflamáveis e que não podem decorrer em espaços concentrados, como era o caso, simultaneamente com outros trabalhos susceptíveis de gerar a combustão.

Importa ainda referir que acidentes destes já se verificaram no passado, causando vítimas mortais e feridos entre os operários, tanto na Caima como nas empresas por esta contratadas para a manutenção da fábrica de Constância.

Exigimos que a ACT e o Ministério Público divulguem pública e urgentemente – o cobarde argumento do segredo de justiça não serve – todas as diligências, medidas e punições adoptadas contra os autores e responsáveis destes crimes, sob pena de se assumirem, como em boa verdade tem sucedido em situações anteriores, como cúmplices dos crimes em causa.