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PAÍS

As Contas da UTAO

euros 01UTAO é o acrónimo de Unidade Técnica de Apoio ao Orçamento, secção da assembleia da República que segue a evolução da dívida pública portuguesa, através de um relatório publicado mensalmente.

No relatório ontem publicado, são examinadas as operações, realizadas em Fevereiro e Março passados, sobre a recompra da dívida de longo prazo.

As operações de recompra efectuadas em Fevereiro e Março foram freneticamente badaladas pelo governo em todos os órgãos de comunicação social, como demonstrativas da enorme folga financeira do governo, que até lhe permitia recomprar dívida pública antes do prazo de vencimento, aliviando assim o esforço de reembolso que Portugal teria de fazer num cenário pós-tróica...

A palhaçada do governo era esta: melhorámos tanto a situação financeira do país, que até nos pudemos dar ao luxo de pagar enormes fatias da dívida pública antes do prazo acordado...

Se o leitor permitir, lembrar-se-á aqui a propaganda governamental da altura:

• Em Fevereiro, foram transaccionados 1 319,9 milhões de euros de obrigações do Tesouro, com o Estado a amortizar antecipadamente títulos que só se venceriam em Outubro de 2014 e em Outubro de 2015;

• Em Março, o Instituto de Gestão da Conta Pública recomprou 50 milhões de euros que também só venceriam em Outubro de 2014 e em Outubro de 2015.

No total, o Estado recomprou 1 369,9 milhões de euros de dívida pública, que só venceria oito meses e 20 meses depois da recompra.

Pensar-se-ia que, recomprando o Estado dívida com tamanha antecedência sobre o vencimento – 8 meses e 20 meses –, teria certamente lucrado com isso e que teria granjeado enormes benefícios para o povo português, que morre de fome pelas esquinas.

Engano redondo! Nada disso!

A UTAO, no seu relatório de ontem, mostra que essa genial operação de recompra custou ao Estado um prejuízo (perdas ou menos-valias) de 43,2 milhões de euros!...

Ou seja, o pagamento antecipado só beneficiou os credores e acrescentou à dívida mais um prejuízo de quase 50 milhões de euros, ou seja, acrescentou à dívida mais dívida.

A coisa é de tal ordem que, em fins de Fevereiro, a dívida pública portuguesa fixou-se em 220,6 mil milhões de euros, o que equivale a 135% do PIB.

Só em juros, serão precisos todos os anos mais de 9 000 milhões de euros para o respectivo pagamento. Eis para onde nos arrastou o governo de gatunos e de vende-pátrias conduzido por Coelho e Portas.

E o Ministério Público não averigua o que se passa com esta ladroagem... E também o presidente da República, que há três anos chorava baba e ranho frente às televisões por umas escassas centenas de euros que lhe levaram dos dois rendimentos de que usufrui, não se incomodou com um governo de ladrões que, de uma só assentada de recompra de dívida que não precisava de ser recomprada, leva 50 milhões aos pobres portugueses.

E aumenta a dívida, que em Janeiro era de 215 mil milhões de euros, para 220,6 mil milhões em Fevereiro.

É preciso meter essa canalha imediatamente na cadeia. Depressa!

E.


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