INTERNACIONAL

Os povos africanos derrotarão os imperialistas e todos os seus lacaios!

A recente invasão do Mali pelas tropas francesas do “socialista” François Hollande, a pretexto de defender o governo deste país dos ataques de grupos radicais islâmicos, é mais uma manifestação da agressão e da prepotência imperialista sobre os países e povos africanos, merecendo dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo o mais firme repúdio.

O Mali é um exemplo do que significa o domínio imperialista sobre os povos e nações africanos. Sendo um dos lugares do mundo em que a população se encontra em maior estado de pobreza, este país tem enormes riquezas minerais (ouro, urânio, petróleo, gás natural, fosfatos, etc.), uma parte importante ainda sem exploração iniciada. Estas riquezas apenas beneficiam as grandes empresas capitalistas da Europa, dos Estados Unidos e, de uma forma crescente, também da China, revertendo uma parte para uma camada restrita da população autóctone, a qual se assume como uma classe dirigente déspota, corrupta e serventuária dos interesses imperialistas.

Assim, franceses, norte-americanos, chineses, britânicos, alemães e outras potências menores disputam-se ferozmente pelo controlo das riquezas sobretudo minerais situadas nos territórios de um grande número de países africanos. Nessas disputas procuram derrubar todos os governos dirigidos por burguesias nacionais ciosas de uma via autónoma de desenvolvimento para os seus países, para colocarem em seu lugar governos submissos às pretensões do grande capital que servem. Os principais meios que utilizam para atingir estes objectivos são o suborno directo a organizações e partidos políticos que actuem como seus testas-de-ferro, golpes militares, financiamentos e apoio militar a milícias de mercenários e, como no caso presente, intervenções militares directas.

Um antecedente directo da actual situação no Mali foi o recente derrubamento do governo da Líbia e o assassinato do seu presidente, Muamar Kadafi, através do apoio das potências imperialistas a uma pretensa “revolta popular”. Neste país, tudo o que eram grupos islâmicos mercenários e radicais foi fortemente financiado e armado. Bombardeamentos maciços da aviação norte-americana, britânica e francesa sobre alvos militares e estratégicos do poder líbio e a intervenção directa de contingentes militares franceses disfarçados de “populares líbios”, consumaram o propósito de derrubar um governo não suficientemente maleável aos interesses imperialistas.

Uma parte daqueles grupos de mercenários islâmicos, com armamento reforçado proveniente dos arsenais líbios, vieram instalar-se no norte do Mali (confinante com o sul da Líbia) onde, aproveitando a existência de um movimento nacionalista que luta pela autonomia e independência da região de Azawad aí situada, desencadearam acções militares de controlo de cidades e porções importantes do território do Mali. Um desses movimentos islâmicos, apresentado como um ramo da Al-Qaeda na região do Magrebe (AQIM), deriva de uma organização salafista argelina e apareceu quase em simultâneo com a criação, em 2007, do Comando Africano dos EUA (Africom), uma estrutura política e militar para coordenar as acções do imperialismo ianque em África. Tudo indica pois que se trata de um grupo estreitamente controlado pela CIA.

A presente intervenção militar francesa no Mali afirma ter como alvo principal o grupo AQIM e foi desencadeada ao arrepio das próprias resoluções do Conselho de Segurança da ONU que autorizaram a constituição de uma força militar africana, no âmbito da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEEAO), para apoiar o governo do Mali nas operações militares no norte do país. Só depois da invasão francesa ter começado é que o presidente interino do Mali “pediu ajuda internacional” e os principais países da CEEAO iniciaram preparativos para a constituição da força militar antes referida.

A iniciativa francesa tem por objectivo garantir as posições do imperialismo francês numa região que considera ser um seu protectorado, como antiga potência colonial. Esse protectorado está agora ameaçado pelo imperialismo ianque, que aposta num reforço da sua influência em África. No caso do Mali, este reforço de influência manifesta-se, por exemplo, no recrutamento de oficiais do exército como homens de mão e no treino militar às forças armadas do país. Um resultado evidente desta acção foi um golpe militar no Mali, em Março último, que depôs o presidente Amadou Touré, golpe militar esse que foi comandado por um oficial do exército, Amadou Sanogo, que, entre 2004 e 2010, recebeu treino militar e político nos EUA.

Como antes se afirmou, a invasão militar francesa é justificada pela “comunidade internacional” (um eufemismo para designar as potências imperialistas e os países por si dominados) pela necessidade de combater os movimentos radicais islâmicos, precisamente aqueles que foram utilizados pela mesma “comunidade internacional” para derrubar o governo líbio e que estão a ser usados para tentar derrubar o governo da Síria. Vítimas destas manobras são os povos destes países e agora também o povo do Mali e os grupos étnicos que neste país lutam pelos seus direitos e autodeterminação.

Lacaio dos interesses imperialistas, o governo português PSD/CDS já veio apoiar a agressão militar da França e já se ofereceu para participar com militares e material no apoio a essa agressão. Os demais países imperialistas, com destaque para os EUA, o Reino Unido e a Alemanha, ao mesmo tempo que manifestam apoio à acção francesa, procuram todos os pretextos para um envolvimento mais directo que permita garantir os seus interesses na região. O recente episódio numa exploração de gás natural na Argélia, onde, depois de grupos islâmicos, em retaliação contra a invasão francesa, tomarem como reféns cerca de 40 pessoas de várias nacionalidades que aí trabalhavam, as forças armadas argelinas desencadearam um ataque que originou a morte de muitos desses reféns, pode fornecer o pretexto para o envolvimento daqueles países nas operações militares, retirando o exclusivo à França.

Os povos oprimidos de África lutam contra a dominação e as manobras de agressão do imperialismo e lutam também contra os governos burgueses e reaccionários dos seus próprios países que são coniventes com as potências e os planos imperialistas e que, em alguns casos (como acontece com o Egipto, a África do Sul ou a Nigéria) procuram desempenhar um papel de potências regionais de acordo com uma lógica semelhante ao daquelas potências imperialistas. Nem a União Africana, nem a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental condenaram até agora a invasão militar francesa no Mali e, quer uma quer outra, dispõem-se a cumprir um papel de instrumentos dos grandes interesses imperialistas que se disputam, agora no Mali, ontem na Líbia e no Sudão, e amanhã noutras regiões e países de África.
Os trabalhadores e os povos oprimidos de África sempre travaram, e travam também hoje, importantes combates pela independência nacional, pelo progresso e pelo socialismo. O dever internacionalista dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo é apoiar essa luta e opor-se às agressões imperialistas perpetradas pelas burguesias dos seus próprios países contra os povos e nações oprimidas, onde quer que tais crimes sejam perpetrados.

Viva a justa luta dos povos africanos contra o imperialismo e os seus lacaios!
Viva o internacionalismo proletário!