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INTERNACIONAL

Eleições legislativas na Grécia – A derrota dos partidos da Tróica

No seguimento da demissão de George Papandreou, em boa verdade afastado pela Tróica quando o então presidente do PASOK pretendeu referendar o acordo obtido em Outubro, e após igual destino do governo interino chefiado por Papademos, impossibilitado, pela greve geral grega, de aplicar um novo e ruinoso pacote de austeridade, o povo grego foi chamado a eleições legislativas antecipadas que decorreram ontem.

Para além de uma forte abstenção a traduzir um voto de protesto contra a política de mentira e hesitações dos partidos que têm estado no poder, o povo grego manifestou ainda a sua clara rejeição da política de massacre e humilhação desencadeada pela Tróica germano-imperialista, infligindo uma pesada derrota ao PASOK (passou de 44% para 13,2%) e Nova Democracia (ND), de 33,5 para 18,9% dos votos, que, tal como cá os correspondentes PS e PSD, continuam desesperadamente a tentar impor ao povo grego o pagamento da dívida soberana, ainda que agora fragilizados por, juntos, não deterem sequer a maioria dos deputados.

Por seu turno, os partidos e organizações que, de uma forma ou de outra, se opõem ao memorando da Tróica e à politica de submissão germânica, registaram subidas assinaláveis.

No campo da chamada esquerda, há a registar o facto de uma coligação designada de Syriza – agrupando mais de uma dezena de partidos de extrema-esquerda (trotskistas, anarquistas, ecologistas...) – ter obtido a eleição de 52 deputados (a segunda organização mais votada), mas que, ainda que defendendo agora a formação de um governo de maioria de esquerda, revela incorrer na mesma estratégia errada defendida em Portugal pelo BE e pelo PCP de renegociar (enfrentar e reduzir, nas palavras do seu responsável) a dívida e, seja em que circunstâncias for, a não saída do euro.

Ora, o que a realidade, tanto na Grécia como em Portugal, se encarregou de demonstrar é que não há forma nenhuma que permita aos países endividados pagarem a sua dívida soberana.

Afastar a possibilidade ou mesmo a defesa da saída da zona euro, é ceder à chantagem dos interesses hegemónicos da Alemanha e abandonar a única alternativa que se impõe aos povos alvo da política da Tróica germano- -imperialista e que é a do não pagamento da dívida e a adopção de um programa de desenvolvimento económico que sirva os interesses desses povos, mesmo que isso conduza ou tenha que passar pelo abandono da zona euro.

Não deixa também de ser significativo que o Partido Comunista Grego (KKE), que detém uma representação parlamentar de 26 deputados (mais cinco em relação às últimas eleições), defende o não pagamento da dívida e a saída da zona euro.

Finalmente, uma referência à votação obtida pela extrema-direita no partido neo-nazi Aurora Dourada (21 deputados eleitos) – tanto na Grécia como noutros países em que o desemprego, como consequência da política dos partidos no poder, atinge níveis dramáticos, atirando para a fome e a miséria milhares de trabalhadores sem direito a qualquer prestação social, situações destas tornam-se terreno fácil para que fascistas e nazis ganhem força, usando de uma perigosa demagogia que acaba por arrastar mesmo um sector dos trabalhadores. Principalmente aqueles cuja política é a verdadeira responsável pelo ressurgimento destes movimentos e que agora aparecem a mostrar-se muito preocupados com o fenómeno, não deviam esquecer as condições e as causas da ascensão de Hitler na Alemanha.

O povo grego contará com a solidariedade do povo português e os trabalhadores portugueses não deixarão de obter a solidariedade do povo grego na sua luta comum contra a Tróica e os traidores seus lacaios e pela libertação da exploração e opressão impostas pelo colonialismo alemão.


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