CULTURA
Poemas mínimos
Sombras e petardos
Poemas mínimos
Não sou poeta
Nunca fui poeta
Nunca serei poeta.
Ai de mim se ousasse ser poeta!
Não quero ser contador de sílabas
Cada palavra tem o seu destino
Cada verso tem a liberdade de o não ser.
Não existem muros para o destino
Ser livre é nada ser,
Para ser outro.
II
Na morte todos somos Deuses
No Panteão do Esquecimento.
III
Luís Vaz de Camões
O 28 passa por lá.
IV
Fernando pessoa
Fernando Pessoa é um bigode,
Os óculos, a gabardine e o chapéu
São heterónimos.
V
Eça e camilo
Eça é que é Eça
Camilo é Camilo.
VI
Arnaldo matos
- Isto é tudo um putedo!
O vulcão cospe da cratera
A escória vil que nos consome.[1]
VII
Jean paul sartre
- O comunismo é um humanismo!
Sartre esteve quase lá.
VIII
A alma
Despi a minha alma.
Está nua e tem frio.
IX
Por hoje é tudo
Hoje dói-me a cicatriz do tempo
Dói-me e rói-me a cicatriz do tempo.
Preciso de um gato que cace esse rato,
Se para tal houver tempo.
07.03.2017
João Camacho
[1] A Internacional
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