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CORRESPONDÊNCIAS

Contra a Chantagem do Governo - Enfermeiros Mantêm com Firmeza Greve de 24 Horas

Actualizado em 15.11.2014

(do nosso correspondente)

Contra todas as manobras e chantagens do governo, os enfermeiros prosseguem a luta, mantendo a greve de 24 horas convocada para hoje, dia 14 de Novembro, a qual teve início no turno da noite começado ontem, dia 13, terminando às 24H00 de hoje. Para o próximo dia 21 está convocada nova greve de 24 horas.

Estas novas greves vêm no seguimento das diversas lutas desencadeadas a nível nacional e local. No entanto, esta luta não pode só ser vista como uma luta contra as medidas intoleráveis impostas pelo actual governo, que em acto de desespero, tentou arremessar contra os enfermeiros os problemas de saúde pública criados pela incúria do grande capital, como é a “doença do legionário”.

Os enfermeiros, mesmo em greve, nunca deixaram de prestar os cuidados mínimos indispensáveis às populações e não é agora que o vão deixar de fazer; mesmo quando há instituições que, contra a lei, se recusam a pagar essa prestação de serviços mínimos, como é a ARS Lisboa e Vale do Tejo. Consequentemente, se o senhor Ministro da Saúde estivesse preocupado com os doentes internados, já há muito que tinha obrigado esta e outras instituições a pagar o trabalho prestado em serviços mínimos obrigatórios e não assobiava para o lado, como se de nada estivesse a acontecer.

No entanto, há que recordar que uma parte dos problemas atualmente existentes, deriva da liquidação da carreira de enfermagem (Decreto-lei n.º 437/91, de 8 de Novembro), pelo governo Sócrates, em 2009, substituindo-a por um diploma que remetia para as calendas gregas tudo aquilo que era reivindicação dos enfermeiros e amputando-a de tudo o que era favorável aos enfermeiros. Assim, a chamada carreira de enfermagem está espartilhada por diversos diplomas que foram sendo publicados a conta gotas, de acordo com as necessidades políticas dos governos. Não esqueçamos que nessa altura diversos dirigentes sindicais do PS, PCP e Bloquistas, apregoavam esta medida como “uma grande vitória”.

Só à luz dos lobbies políticos e corporativos, associados à exploração desenfreada dos profissionais e à tentativa de liquidação do Serviço Nacional de Saúde, é que se pode compreender que os enfermeiros ganhem abaixo dos restantes licenciados, recebam menos de metade da compensação da penosidade do trabalho noturno, trabalhem acima dos ritmos de trabalho considerados seguros para uma boa prática de cuidados aos doentes. Uma boa parte dos enfermeiros ganha hoje menos do que o que ganhava há 10 anos, apesar de muitos deles terem valorizado o seu desempenho obtendo (à sua custa) pós graduações e especialidades.

O problema das novas contratações dos enfermeiros é mais uma das mentiras do senhor ministro. Da forma como os concursos se processam, todos sabem que desde a sua abertura até à admissão dos enfermeiros decorre no mínimo 1 ano, sendo que muitos deles se arrastarão até aos dois anos. Deste modo, e para que as populações tenham os cuidados mínimos necessários (cuidados que o senhor ministro, perante a greve, se finge tão preocupado) o ministério teria de contratar imediatamente, no mínimo, 5000 enfermeiros através de contrato individual de trabalho, preocupando-se posteriormente com as aberturas de concursos, para regularizar a situação. Deveria ainda compensar remuneratoriamente as valorizações profissionais dos enfermeiros que obtiveram o grau de especialistas, independentemente de concurso.

Os enfermeiros devem tirar as suas conclusões e mobilizar-se numa luta que é sua e de todos aqueles que utilizam diariamente o serviço nacional de saúde.


Mais uma manifestação de força em boa adesão à greve

Enfrentando com firmeza a vergonhosa e demagógica chantagem do ministro Paulo Macedo e do seu séquito de lacaios de utilizarem a epidemia da legionela, aliás da responsabilidade do governo a que pertencem, para levar o sindicato dos enfermeiros a desconvocar a greve, esta não só se manteve como obteve elevados níveis de adesão, em particular nos principais hospitais do País.

Assim, tanto no turno da noite – com uma percentagem de grevistas de 78,6% -, como no turno da manhã – 70,6% - (percentagens calculadas com base em números rigorosos de grevistas nas unidades hospitalares onde esse apuramento foi possível ultimar), os enfermeiros demonstraram mais uma vez a sua determinação em prosseguir uma luta inteiramente justa e que põe directa e frontalmente em causa os cortes impostos pela Tróica e aplicados pelo governo de traição nacional Coelho/Portas.

Assinalem-se os casos mais significativos do Hospital de São José (168 enfermeiros escalados e 156 grevistas) Hopsial D. Estefânia (88 escalados e 72 em greve), Maternidade Alfredo da Costa (51 grevistas em 56 escalados) Hospital Santa Marta (92 escalados e 74 em greve) – em Lisboa e no turno da manhã, sendo que no turno da noite, o número de grevistas foi superior.

No Porto, destaca-se o Hospital de São João, com 298 enfermeiros em greve para 354 escalados.

Vários foram também os hospitais com 100% ou acima de 90% de paralisação – casos de Peniche (100%) Castelo Branco (100% no turno da noite e 95,4 % no da manhã, num universo de 139 enfermeiros), Serpa (100%).

Importa também aqui denunciar, sem prejuízo de uma abordagem mais profunda, até porque esta luta ainda não terminou – está marcada nova greve dia 21 de Novembro –, que o governo praticou uma descarada ilegalidade destacando para se apresentarem (não se trata, nem podia tratar-se, de requisição civil) mais enfermeiros, para além dos serviços mínimos no caso perfeitamente suficientes, nos hospitais de Vila Franca, Amadora/Sintra e nos centros hospitalares com doentes do surto da legionela.

Depois de falhada a manobra de levar o Sindicato a desconvocar a greve, é a perseguição e o desespero de uma corja de patifes que há muito devia ter sido corrida!





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